Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 391 de 2007-07-31 |
A voz dos livros
Assume-se como mais um projecto inovador apoiado pelas novas tecnologias. A Biblioteca On-line Áudio de Literatura (BOAL) constitui uma base de dados de obras literárias que se destinam a ser ouvidas em suporte informático online e também uma ferramenta para os cursos de letras da UBI.
> Eduardo AlvesImagine ter à distância de um click obras literárias que vão desde a Idade Média até aos nossos tempos. A esse pensamento pode ainda juntar o facto dos textos referidos serem lidos por diferentes vozes e, que pode transportar consigo, em vez de um livro de 300 ou 400 páginas, um simples ficheiro MP3. A Biblioteca On-line Áudio de Literatura (BOAL) é isso mesmo, é a ferramenta que lhe permite trazer no seu leitor de MP3, a Crónica de D. João I, do Fernão Lopes, logo seguida da Mensagem de Fernando Pessoa.
Este projecto, da responsabilidade de António Fidalgo e Rita Duarte, nasceu há já algum tempo no Laboratório de Comunicação e Conteúdos On-line da UBI (LabCom), mas “está agora a ganhar nova vida”, adianta a docente do Departamento de Letras da instituição covilhanense.
O projecto é simples e conta com objectivos concretos. Alunos, investigadores ou voluntários são escolhidos para dar voz “e vida” a uma série de textos considerados fundamentais no panorama da língua portuguesa. O texto que dá corpo a estas obras é depois lido e gravado em suporte áudio. Desta forma, as palavras impressas acabam por se transformar em sons “e ganhar características próprias”, explica Rita Duarte.
A Boal, que para além de servir como mais uma ferramenta de apoio aos cursos de letras da UBI tem também o objectivo de tornar mais fácil e rápido o acesso e a utilização de textos clássicos da literatura portuguesa, procurando desta forma “contribuir para uma difusão mais generalizada destas obras”, acrescenta a responsável. Rita Duarte lembra uma das premissas que constam nos objectivos desta biblioteca e que diz respeito “à reformulação dos modos de fruição da literatura, à luz de novos conceitos de comunicação, a que o objecto literário já não se pode manifestar alheio”.
A esta aposta em novos formatos, sobretudo, o áudio, não é alheia “uma também nova aposta no público das camadas etárias mais jovens”.
A biblioteca falada conta já com várias obras de autores tão distintos como Alexandre Herculano, Almeida Garrett, Luís de Camões, Mário de Sá Carneiro ou Raul Brandão, entre um total de 19 escritores portugueses. Rita Duarte explica que neste momento “o projecto está em condições de avançar a uma maior velocidade”. Para além das novas quatro obras que vão ser colocadas on-line, “outra das funções passa por disponibilizar mais informações e conteúdos”. Para isso mesmo, a docente conta com a ajuda “de alunos, investigadores e até ex-alunos que se disponibilizam para procurar conteúdos e para dar voz aos livros”. Outra das grandes apostas da BOAL passa pelas personagens das obras. Uma nova secção deve surgir nesta biblioteca e tem como função “caracterizar as personagens que estão presentes nas diferentes obras disponíveis para os leitores, ou melhor, ouvintes”.
Os responsáveis lembram ainda que através dos novos meios informáticos “é possível devolver à literatura uma tradição de oralidade, que lhe está na origem, recorde-se a importância dos rapsodos da Grécia Antiga, para a difusão de obras clássicas, assim como algumas marcas discursivas indicadoras de que o texto se destinava a uma leitura de viva voz, ou mesmo sessões públicas de leitura que vêm sido actualmente recuperadas para devolver à literatura a sua componente oral”.
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