Ferramentas e métodos da gestão da qualidade esquecidos nas empresas certificadas

A ausência de preocupações com a certificação das empresas é uma das causas do atraso competitivo que lhes está associado. Essa é uma das conclusões que João Gonçalves, agora mestrado em Gestão, retira do estudo que realizou.

Professor de Matemática numa escola de Mação, João Gonçalves acredita que poderá aplicar na sala de aula muito daquilo que aprendeu com a sua dissertação. Um dos exemplos passa por incutir nos alunos o gosto pela matemática enquanto ciência de métodos e procedimentos coerentes e estruturados. Quanto à gestão de empresas, ramo da tese de mestrado, "A Aplicação das Ferramentas e Métodos da Gestão da Qualidade nas Empresas Certificadas" está aquém daquilo que seria desejável.
Sete Ferramentas Básicas, Sete Novas Ferramentas, Desdobramento da Função Qualidade, Controlo Estatístico do Processo e Outras Ferramentas da Qualidade são os grupos em que João Gonçalves enquadrou as 25 ferramentas e métodos da qualidade. Foram cerca de 200 empresas, certificadas por diferentes organismos em Portugal, e onde se procurou "ver se essas empresas estão ou não a aplicar essas mesmas metodologias".
"As empresas certificadas conhecem os conceitos de qualidade mas, na prática, poucas os aplicam verdadeiramente", conclui o agora mestre. Este factor resulta na falta de produtividade, competitividade, motivação, formação e liderança no seio das empresas portuguesas. O cenário é ligeiramente melhor nas empresas que já se internacionalizaram, mas os líderes das demais "têm de ser mais empreendedores e incutir na empresa os valores e objectivos que se querem incutir", defende João Gonçalves. O professor acredita que, em muitos casos, há uma implementação dessas medidas, mas falha a comunicação com os funcionários, que "assim sentem dificuldades em ultrapassar algumas barreiras".
O trabalho, de que foi arguente José Fernando Gomes Requeijo, da Universidade Nova de Lisboa, foi aprovado por unanimidade, com a classificação de "Muito Bom".