Voltar à Página da edicao n. 390 de 2007-07-24
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
Director: João Canavilhas Director-adjunto: Anabela Gradim
 

Convidar à preservação a partir das estruturas

Vítor Cóias poderia ter abordado diversos particulares da reabilitação de edifícios, mas centrou-se nas estruturas devido ao fracasso técnico revelado por algumas intervenções. Depois de uma “deficiente concepção, as intervenções são, frequentemente, demasiado intrusivas e irreversíveis”. Com a palestra pretendeu-se mudar esta realidade.

> Igor Costa

Com a requalificação urbana na ordem do dia, engenheiros e arquitectos tentam agora minimizar os danos dessas intervenções. Neste contexto, o engenheiro Vítor Cóias falou sobre "Técnicas de reabilitação não intrusiva de edifícios antigos de alvenaria e madeira". Na plateia, alunos do mestrado em Reabilitação e Ambiente da Construção ouviram aquilo que são vistas como as técnicas do futuro, pelas inúmeras vantagens que apresentam. O encontro decorreu durante a tarde de 20 de Julho, no anfiteatro 8.1, no edifício das Engenharias da UBI.

O fundador do GECoRPA – Grémio das Empresas de Conservação e Restauro do Património Arquitectónico pretende sensibilizar engenheiros, arquitectos e outros técnicos da área da construção para o sucesso das intervenções pouco intrusivas. Por este meio poder-se-á preservar a autenticidade e o valor tecnológico dos imóveis visados. Focando os edifícios antigos – nomeadamente os que constituem património arquitectónico – Vítor Cóias incidiu ainda na parte estrutural da construção, e na forma como é reabilitada.

Um problema recente, dada a evolução verificada nos últimos 50 anos. Durante séculos havia compatibilidade entre as técnicas e materiais de construção e reabilitação. Acontece que nas últimas décadas, novos materiais e técnicas têm surgido, originando diversos conflitos com aquilo que são as estruturas objecto de intervenção. Algumas das estruturas passam pela modificação local de componentes estruturais, eliminação ou redução de irregularidades e descontinuidades, aumento da rigidez e da resistência, ou redução da massa.

No que diz respeito a construções antigas em alvenaria, as suas paredes potenciam a aplicação das técnicas de reabilitação. A intervenção pode, nesse momento, seguir tanto pela reconstituição das secções, como pelo reforço. Quanto às construções em madeira, os seus elementos estruturais desempenham um papel muito importante nas construções antigas, vencendo os vãos entre paredes e suportando os pisos e coberturas. Com uma boa intervenção, as estruturas em madeira podem tornar-se mais resistentes aos agentes de deterioração e suportar utilizações mais exigentes.

Vítor Cóias vê as técnicas de reabilitação não intrusiva como uma caixa de ferramentas, a que os profissionais devem, acima de tudo, saber recorrer. "Caso a caso, escolhem as ferramentas que melhor se adequam a uma situação", explica o engenheiro. A utilização destes métodos está ainda numa fase muito incipiente em Portugal, muito devido ao conservadorismo, falta de formação e qualificação dos profissionais da construção. Por tudo isso, Vítor Cóias enumera as vantagens destas técnicas. Para além da maior precisão e comodidade das intervenções, verificam-se decréscimos ao nível do consumo de recursos energéticos, mão-de-obra, custos, entulho e risco de interferência no valor patrimonial do edifício.


Data de publicação: 2007-07-24 01:40:09
Voltar à Página principal

2006 © Labcom - Laboratório de comunicação e conteúdos online, UBI - Universidade da Beira Interior