Voltar à Página da edicao n. 390 de 2007-07-24
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O júri da tese que estudou as Minas da Panasqueira

As novas riquezas das Minas

Uma tese de doutoramento apresentada na UBI pode constituir uma das mais viáveis soluções para as lamas e resíduos produzidos nas Minas da Panasqueira ao longo de várias décadas de exploração mineira.

> Eduardo Alves

Um dos principais problemas que se coloca à indústria mineira é o dos resíduos. Os materiais inertes e as lamas residuais geradas a partir da exploração do sub-solo, para além de ocuparem vastas áreas de terreno podem dar origem a vários problemas ambientais.
Foi com o intuito de resolver esse tipo de situação que Fernando Manuel Alves Silva Pacheco Torgal realizou uma tese de doutoramento. No estudo agora defendido na Universidade da Beira Interior (UBI), Manuel Torgal adianta que “é possível desenvolver um material ligante a partir das lamas resultantes da extracção mineira nas Minas da Panasqueira”. Material que serve “para substituir aquele que será o material mais utilizado ao nível da construção civil que é o cimento de Portland”.
Segundo o autor do estudo intitulado “Desenvolvimento de ligantes obtidos por activação alcalina de lamas residuais das Minas da Panasqueira”, “o cimento convencional desfruta de um grande factor de competitividade, que é o custo muito baixo, contudo tem também um problema ambiental porque emite um elevado nível de emissões de Carbono”. Para além deste ponto negativo, o cimento de Portland tem outros problemas como o facto de possuir uma vida útil muito curta, o que quer dizer que é preciso ser substituído ao fim de algum tempo, e logo tem um impacto ambiental duplamente negativo”.
Este docente do Instituto Superior de Castelo Branco explica que “um ligante é um cimento, o problema é que no comum, quando se fala em cimento reporta-se para o cimento de Portland, mas a palavra cimento significa cola e aquilo que se pode fazer com estas lamas é uma cola que liga materiais”. A capacidade de fazer esse tipo de produto “está agora demonstrada”.
Mas Manuel Torgal sublinha que “agora há outros problemas que ainda estão por resolver mas isso é algo que não podia ser tratado no âmbito de uma tese de doutoramento que tem como objectivo acrescentar algo de novo ao estado da ciência”. Aquilo que se provou com este estudo é que “é possível produzir um material ligante que tenha um desempenho mecânico superior a materiais que já existem e que tenha um custo muito inferior e esses mesmos materiais”. Substância essa que poderá dar uma resposta aos inertes das Minas da Panasqueira e se assumir como mais um produto no mercado, que é mais resistente e tem menos custos.
Contudo, a transição entre os resultados agora apresentados e a colocação no mercado, desse mesmo produto “requerem uma série de estudos de verificação da conformidade”.
Durante a realização da tese, Manuel Torgal estudou também a problemática dos resíduos industriais portugueses”. Segundo o mesmo, a maior parte destes materiais tem origem “em minas e pedreiras”. “O estudo tenta também conciliar essas actividades com a biodiversidade”, garante o autor. Essa grande quantidade de resíduos terá de ter uma vasta área de deposição e isso invalida a existência de vastas áreas de biodiversidade que actualmente são muito curtas “e que as novas propostas de reformulação ampliam mas ainda em valor insuficiente”, sublinha Manuel Torgal.
Neste trabalho, “onde se pretende, de certa maneira, resolver vários problemas em simultâneo” é feito o alerta à comunidade científica “para uma necessidade de indicar a urgência da resolução destes problemas ainda que desta investigação tenha saído uma aplicação prática que passará pela utilização deste material como material de reparação de estruturas porque como se verificou ao longo da investigação é possível produzir um material que tenha um custo quase13 vezes inferior daqueles que são os materiais de reparação de estruturas mais utilizados”.
O júri desta tese de doutoramento foi composto por Luiz António Pereira de Oliveira, professor associado convidado da Universidade da Beira Interior, Luís Manuel Ferreira Gomes, professor associado da Universidade da Beira Interior, Said Jalali, professor associado da Universidade do Minho, João Paulo de Castro Gomes, professor associado da Universidade da Beira Interior, Amândio Luís Sanches Yrache Teixeira Pinto, professor auxiliar da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e Arlindo Freitas Gonçalves, investigador coordenador do Laboratório Nacional de Engenharia Civil.


O júri da tese que estudou as Minas da Panasqueira
O júri da tese que estudou as Minas da Panasqueira


Data de publicação: 2007-07-24 00:05:00
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