Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 388 de 2007-07-10 |
Câmara da Covilhã baixa impostos
Numa semana marcada pela troca de acusações de dívidas e de situações financeiras de “rotura iminente”, a Câmara da Covilhã anuncia que vai baixar o Imposto Municipal sobre Imóveis. Uma decisão que vai custar à autarquia 350 mil euros.
> Eduardo AlvesO Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) vai baixar no próximo ano. Está é uma das principais decisões saídas da última reunião do executivo municipal covilhanense, na passada sexta-feira, 6 de Julho. Esta taxa que está cifrada em 0,75 por cento passa agora para 0,70. Uma redução que vai permitir aos munícipes “poupar 50 euros por cada 500 euros que paguem de IMI”, explica Carlos Pinto.
O social-democrata que preside à autarquia disse também aos jornalistas, no final da reunião, que o Imposto de Derrama foi alterado. No ano passado este imposto era calculado sobre os dez por cento do resultado líquido das empresas, agora passa a ser 1,5 por cento da carga fiscal. A taxa de passagem foi mantida, “por princípio, no ano passado, o município recebeu 15 mil euros desta taxa”, garante Pinto. O edil covilhanense refere que “esta taxa deveria ser mais elevada e ser suportada pelas empresas de telecomunicações e electricidade”. “Empresas que deixam as cidades como fios espalhados por todos os cantos e têm agora em caixa bastantes dividendos”, remata ainda.
Pinto explica que com a redução do IMI, “a câmara dá mais um sinal de solidez financeira e alivia a carga fiscal dos covilhanenses, mas deixa de arrecadar cerca de 350 mil euros em impostos”.
Quem não parece tão convencido com estas contas é Vítor Pereira, vereador socialista na autarquia serrana. O vereador da oposição serve-se de um estudo “elaborado por quatro economistas e patrocinado por vários estudiosos que analisaram as áreas económicas, financeiras e patrimoniais das câmaras, a Covilhã está nos piores lugares”. Endividamento bancário, falta de liquidez, prazo de pagamento aos fornecedores muito mais tarde do que deveria ser, são algumas das falhas que o socialista diz estar apresentadas nesta análise académica. Vítor Pereira acrescenta que “em nove parâmetros do estudo, a CMC está muito mal colocada”. O vereador da oposição adianta ainda que “o PS tem razão em dizer que esta câmara está à deriva e que existe aqui um desnorte financeiro. Não temos qualquer regozijo em dizer isto e ver que temos razão, mas sim um forte sentimento de preocupação”.
Pereira leva as suas inquietações mais longe a afirma mesmo que “se está a hipotecar o futuro do concelho”. A manter-se esta situação “quem vier terá muitas dificuldades em gerir o município”.
Por outro lado, Carlos Pinto não se mostra muito preocupado com estas acusações ou com as conclusões de “meros estudos académicos que devem ser consumidos internamente”. O social-democrata garante que segundo o estudo em causa “deve haver alguma câmara municipal neste País que vive no melhor dos mundos”. Pinto diz mesmo que estudo “está tão bem elaborado que conta com exemplos como é o caso do Estádio de Braga que custou 15 milhões de euros e foi pago em apenas um dia”.
Para o presidente da câmara, “o PS tem de dizer que a solução que está a pensar para Lisboa, que a traga também para a Covilhã. Segundo o PS, o governo tem um cheque para colocar Lisboa no bom caminho. Esse cheque que venha também para a Covilhã, mas aviso já que o coloco a prazo, nem lhe toco”, garante o autarca.
O social-democrata que lidera o município diz mesmo que “o PS da Covilhã está reduzido a uma pessoa e não fala de mais nada senão da suposta dívida da câmara. Julgo que o partido tem de ser coerente e por isso deve ir perto da Estátua do D. Sancho fazer uma manifestação contra as dívidas da Câmara da Guarda”. Para além dos recados dirigidos aos socialistas, Pinto lançou outras críticas directas à oposição. Uma delas refere-se “a uma câmara da região, que aparece tão bem colocada nesse estudo, mas porque é que então teve de vender as suas redes de água e barragens”, uma outra passa por pedir explicações sobre o estado financeiro da Câmara da Covilhã, que “se é assim tão mau porque é que somos o único município da região a pagar o trimestre às suas juntas de freguesia, adiantado. A Câmara da Covilhã entrega em Janeiro, às juntas, o mês de Janeiro, Fevereiro e Março, e assim sucessivamente”, garante o edil.
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