Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 388 de 2007-07-10 |
As fronteiras da Engenharia
Um projecto-piloto levado a cabo entre docentes e alunos da UBI, nas áreas da Engenharia Electrotécnica e do Design Industrial, contou com a participação de uma pessoa com deficiências motoras. Os computadores e os novos programas de desenho a três dimensões serviram de mediadores entre os dois lados.
> Eduardo AlvesJoão Monteiro é o responsável pelas cadeiras de Desenho nos cursos de Engenharia da UBI e também de Design Industrial. Plantas, esboços e os mais diversos objectos desenhados em papel preenchem as paredes do gabinete deste docente da UBI, tornando-se numa forma diferente de decoração. Em cima da mesa, pequenas reproduções de foguetões e naves espaciais desvendam também a paixão - para além do desenho e dos projectos - pelo espaço, “pela NASA e por tudo o que o homem já conseguiu fazer”, confessa.
Este docente, que já viveu uma situação temporária de tetraplegia conduziu o primeiro curso de software de desenho a três dimensões, para pessoas com deficiências motoras. Uma iniciativa pioneira, “a primeira que decorreu a nível mundial”, garante João Monteiro, que trabalhou durante vários meses, em parceria com o Hospital Rovisco Pais, um centro de reabilitação junto à Tocha. O docente diz que depois de ter ele próprio vivido uma situação temporária de deficiência locomotora, apercebeu-se do “enorme potencial que este tipo de programas 3D pode ter no que diz respeito á empregabilidade e inserção no mercado de trabalho, destas pessoas”. Do grupo de alunos, composto por dois tetraplégicos e três paraplégicos, João Monteiro acabou por manter um contacto mais próximo com Vasco Rodrigues.
Foi nesse sentido que João Monteiro decidiu fomentar a participação de Vasco Rodrigues num projecto desenvolvido na UBI, sobretudo pelo Departamento de Engenharia Electromecânica. Desta forma “a grande parte dos objectos que estiveram patentes no Engenho 2007 foram fabricados pelo Vasco”, explica João Monteiro. Os alunos de Engenharia Electromecânica e Design Industrial da UBI trabalharam os seus modelos em software de desenho a três dimensões, “e depois esses trabalhos foram enviados através de e-mail para o Vasco Rodrigues”. Este deficiente motor tem “uma máquina que permite cortar em placas de madeira todos os objectos que são construídos no computador”. As peças que tiveram origem na Covilhã, ganharam forma em Setúbal, local de residência do Vasco e regressaram para a “cidade neve” pelo correio, “a tempo de serem montadas pelos alunos e darem origem aos objectos que cada um concebeu e expôs no Engenho 2007”.
Esta prática “dá razão ao personal computer for personal fabrication”, explica João Monteiro. O docente da UBI acredita que esta parceria foi apenas o exemplo de muitos outros projectos que podem integrar no mercado de trabalho pessoas com deficiências motoras.Este docente que defende uma maior aposta nas disciplinas de projectos e desenhos nos curso de Engenharia, assume ainda que se deveria de apostar mais na divulgação deste tipo de programas de desenho, que pelo Ensino Secundário, “como se faz em França”, quer por mais acções de formação.
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