Roménia assegura produção na Delphi em Agosto

Fábrica de cablagens inicia em Agosto a produção de uma encomenda vinda da Roménia. Porém, até final do ano, sairão mesmo da empresa mais de 500 trabalhadores.

A Delphi da Guarda deverá iniciar em Agosto a produção da encomenda transferida da Roménia, que evitou o despedimento de 226 trabalhadores previsto para o final do mês passado. José Couto, administrador da multinacional e director de recursos humanos, adianta que, neste momento, a empresa tem cerca de 200 trabalhadores na Roménia e que está a preparar-se "para fazer a transferência de uma produção da Roménia para a Guarda". E revela que a fábrica da Guarda irá produzir cablagens para o modelo Punto, da Fiat, sem adiantar mais pormenores em relação ao cliente. "Estamos a ultimar o planeamento para preparar a transferência", diz, acrescentando que quanto a datas concretas "provavelmente dentro de uma a duas semanas estaremos em condições de ter um calendário mais exacto".
O administrador aponta que, pelas suas previsões, durante o mês de Julho será feita a transferência de meios e a sua instalação na fábrica da Guarda, admitindo que "durante o mês de Agosto já estaremos a produzir a encomenda" romena.
Apesar da situação que evitou o despedimento de 226 trabalhadores no final deste mês, José Couto afirma que a empresa mantém o calendário de abdicar de 524 operários do quadro até final do ano: 173 em Setembro e 351 em Dezembro.
A Delphi anunciou a 18 de Maio que até ao final do ano iria despedir 524 dos actuais mil trabalhadores contratados, aos quais se juntam cerca de 176 temporários.
Naquela data, a multinacional de componentes automóvel justificou, em comunicado, que "em consequência da forte redução de actividade sofrida pela fábrica da Guarda", é "forçada a reduzir o número de trabalhadores". "Esta é a solução possível para garantir a manutenção da actividade de fabrico de cablagens na fábrica da Guarda evitando assim qualquer desmoralização da actividade para fora do país", salientava no mesmo documento.
Os dois sindicatos do sector estão a acompanhar "a par e passo" o evoluir da situação na fábrica da Guarda. Júlio Balreira, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas dos Distritos de Aveiro, Viseu e Guarda (STIMMDAVG), admite que o desejável era que a deslocação de trabalho da Roménia para a Guarda, pudesse adiar os despedimentos previstos para o mês de Setembro. "Existe essa possibilidade e vamos ver se se concretiza", admite, sublinhando que o cenário "pode levar a que a situação prevista para Setembro, seja dilatada", tal como aconteceu em relação ao mês de Junho. "São hipóteses que estão em cima da mesa", frisa, sem adiantar mais elementos pelo facto de a informação resultar "da reunião que tivemos na empresa". "A apreciação que fazemos, pode indiciar essa possibilidade", conclui Júlio Balreira, adiantando que o STIMMDAVG está a acompanhar a situação na Guarda e na Roménia, onde estão várias dezenas de operários portugueses.
"Não estou em condições de confirmar isso", responde José Couto, administrador da Delphi, quando confrontado com a situação.
Já o secretário-geral do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA), José António Simões, refere à Lusa que existe "uma grande expectativa" em relação à encomenda transferida da Roménia para Portugal.
"A nossa esperança era que os despedimentos de todos os postos de trabalho fossem suspensos, porque fazem falta na Guarda", disse, embora saliente que por parte da empresa "mantém-se o calendário de despedimentos".
Ambos os sindicalistas admitem que a suspensão dos despedimentos previstos para Junho, "criou algumas expectativas junto dos trabalhadores" que ainda têm "uma pontinha de esperança que o despedimento possa não se concretizar [no final do ano]". "As pessoas dizem que a esperança é a última coisa a morrer", afirma o dirigente do SIMA.