Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 387 de 2007-07-03 |
O fim do regadio
Uma obra com mais meio século chega à fase final de construção. O Regadio da Cova da Beira vai estar acabado até 2010. A promessa é feita pelo secretário de Estado do Desenvolvimento Rural.
> Eduardo AlvesFoi na freguesia de Peraboa que Rui Nobre Gonçalves, secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas, visitou um dos últimos canais adutores que fazem parte da “espinha dorsal” do Regadio da cova da Beira.
Uma obra que tem o seu início no longínquo ano de 1957, data em que a Câmara Municipal da Covilhã faz chegar uma petição ao Ministério das Obras Públicas daquela época, solicitando a possibilidade de estudo para a construção de um regadio na Cova da Beira.
Passado todos estes anos, aquela que foi considerada uma das infra-estruturas fundamentais para o desenvolvimento do sector agrícola da região começa a chegar ao fim. A fase de conclusão deste canal vai permitir a rega de cerca de 14 mil hectares de terreno agrícola útil. As intervenções que estão a ser feitas pelo Estado dizem respeito à rega, drenagem, caminhos agrícolas e emparcelamento. Este troço do regadio vai abastecer os blocos de rega das terras baixas e de meia encosta dos vales das ribeiras da Meimoa, Caria e Enguias, na margem esquerda do rio Zêzere.
O responsável governamental adiantou ainda que a promessa feita por José Sócrates, de que o regadio estaria concluído e totalmente operacional em 2010 “é para cumprir”.
Quem não parece tão optimista por ver a água chegar passados tantos anos parecem ser os agricultores e autarcas locais. José Curto Costa, presidente da Junta de Freguesia de Peraboa, foi esperar o secretário de Estado no meio do regadio, onde uma máquina desenvolvida para este tipo de obra espalha o betão pelo canal. O presidente de junta ainda desculpa a falta de um convite formal, de uma informação oficial, sobre a presença deste elemento do governo na sua freguesia. Aquilo que parece não ter justificação “é a forma como esta obra está a ser conduzida”. Segundo o presidente de Peraboa, “são vários os pontões e estruturas que servem para que os proprietários de terrenos agrícolas atravessem o canal, que estão a ser mal construídos ou colocados em locais inacessíveis”. O secretário de Estado lá mete a carta entregue por José Curto no bolso e promete que “tudo vai ser resolvido”.
A visita prossegue, mas quem conhece os terrenos da Cova da Beira, como o presidente da Associação de Regantes, já pouco ou nada acredita nas promessas políticas. Que o regadio fique pronto até 2010 ainda vá, “até é bem possível, se as obras continuarem a este ritmo”, mas que o regadio tenha o impacto que poderia ter tido há 20 anos atrás “isso já não há possibilidade”.
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