Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 386 de 2007-06-26 |
UBI escolhe cores da moda
As principais cores utilizadas no mundo do vestuário são delineadas, com dois anos de antecedência, por grupos ligados à moda, aos ateliers das principais marcas e a outras indústrias ligadas a este sector. Este ano, a convite do CITEVE, a UBI participou num workshop que decorreu na Suiça.
> Eduardo AlvesOs principais grupos ligados à indústria têxtil e do vestuário têm como um dos métodos de trabalho, a definição das cores a serem utilizadas nas suas colecções, dois anos destas aparecerem no mercado. A INTERCOLOR é uma das mais prestigiadas organizações internacionais de moda que tem sede em Viena, Áustria e define as cores internacionalmente aceites para a indústria têxtil e de confecção. Esta definição é elaborada com base nas propostas originais de cada país, discutidas a nível de um grande fórum conjunto. Um organismo que está a ser presidido, durante este período pelo CITEVE, por incumbência da ANIVEC/APIV e que promoveu um Encontro de Primavera, em Zurique, Suiça, onde teve também lugar um workshop intitulado “Cromosexuality”. O Gabinete de Moda da ANIVEC/APIV é o representante exclusivo de Portugal neste organismo, tendo desempenhado já dois mandatos na sua presidência.
Foi precisamente nesta actividade, que decorreu em paralelo com a reunião dos elementos da INTERCOLOR, que participou Elsa Lima, docente do Departamento de Ciências e Tecnologias Têxteis da UBI. Uma presença que surge através de um convite formulado à UBI pelo CITEVE. Elsa Lima explica que este workshop teve um carácter “mais criativo, não tão ligado aos compromissos económicos e industriais, que geralmente também estão presentes e têm importância na determinação da cor e da indústria Têxtil e do Vestuário”. Esta docente, licenciada em Arquitectura de Design de Moda pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa acrescenta também que “é uma das finalidade do grupo INTERCOLOR, a definição, com dois anos de antecedência, das propostas de cor para a indústria do têxtil e do vestuário concertadas por um grupo internacional constituído por elementos de vários países da Europa”. Um trabalho geralmente feito por grupos de criativos, de designers e de pessoas ligadas à indústria.
Este ano foi aberta uma iniciativa, um workshop, por parte deste grupo que já existe há algumas décadas “onde lhes fosse proposta uma ideia de criação mais livre”. “Isto porque, a cor torna-se, ao longo dos vários ciclos da moda, um pouco condicionada por imperativos económicos das empresas”, acrescenta a docente da UBI que participou no evento intitulado “Cromosexuality”. Este trabalho “mais livre” que foi depois apresentado ao grupo da INTERCOLOR, “serviu como um balão de oxigénio para novas ideias que não estejam tão balizadas por factores económicos e industriais”, garante Elsa Lima. A mesma garante que as conclusões que resultaram do workshop foram muito bem recebidas pelos representantes do INTERCOLOR.
A docente da UBI que é também mestre em Design de Moda e responsável por algumas disciplinas da licenciatura em Design de Moda na UBI, levou para Zurique “três temas onde se pretende apresentar as tendências ligadas à relação entre o que é um corpo simbiótico, onde hoje é referido em inúmeras situações, dado o desenvolvimento da tecnologia, biotecnologia, nanotecnologia e outras, e foi muito por aí que o tema da “cromosexualidade” foi abordado numa lógica de corpo simbiótico”. A perspectiva seguida pela docente na concepção dos seus trabalhos passou por ligar a cor à cibercultura “e um pouco ao mundo protésico que se começa a sentir com objectos como desde o computador portátil que todos nós cada vez mais utilizamos e transportamos, até outros aparelhos tecnológicos que começamos já por incorporar nas nossas vidas e que servem quase como “próteses” para o nosso corpo”.
A docente do DCTT alerta, contudo, para o facto deste ser ainda “um caminho ainda em aberto”. “A ideia foi desenvolvida numa área que conheço mais do trabalho artístico, de imagem”. Isto porque, Elsa Lima, para além do design de moda tem trabalhado na criação de espectáculos de teatro e de cinema, do ponto de vista da concepção de imagem, com figurinos e guarda-roupa, e esta temática “veio de encontro a alguns trabalhos que tenho vindo a realizar”. Nesta mesma área “tenho procurado como que uma simbiose entre o vestuário e o corpo”. Os três trabalhos agora tornados públicos em Zurique parecem ter correspondido aos interesses dos membros da INTERCOLOR. Elsa Lima conta que “foi curioso ver, durante a apresentação das temáticas e das ideias, que o grupo da INTERCOLOR, apontava para o facto de estarem já a aguardar algumas daquelas referências, que tinham já sido discutidas a um nível mais teórico, mas que não tinham encontrado uma forma de em termos visuais, poder pegar nesta história do corpo simbiótico”. Nos trabalhos da docente da UBI há algumas referências desde a área digital, passando depois pelo cinema do Cronenberg e ligando a referências musicais como a Björk. Uma mistura que deu origem “a um certo quadro conceptual e de imagem que julgo ter funcionado” remata Elsa Lima.
A docente não tem quaisquer dúvidas em sublinhar o interesse estratégico da participação da UBI num evento deste género. “Este workshop poderá repercutir-se no futuro, para a UBI, através de uma relação muito próxima com os agentes da moda, do vestuário e da indústria”. Isto porque “é muito interessante esta troca de ideias num centro de decisão como é o grupo INTERCOLOR, que coloca a UBI num ponto central na investigação ligada à moda e nomeadamente ligada à cor”. Num workshop onde participaram cerca de 25 elementos de toda a Europa, houve também “a trocar de experiências com outros parceiros e o sentir de novas realidades, não só a nível científico e industrial, mas também a nível pedagógico”, sublinha Elsa Lima.
A INTERCOLOR é uma das organizações com mais prestígio ao nível da definição da cor. Este acordo cromático tem uma série de compromissos económicos, industriais e outras situações que lhe estão adjacentes. A concertação de cor que resulta destes encontros é depois seguida ao nível da indústria, para o desenvolvimento das colecções. Este organismo é actualmente presidido pelo CITEVE que estendeu um convite à UBI para a participação neste tipo de actividades.
Multimédia