Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 386 de 2007-06-26 |
A saúde das notícias
Tomar o pulso ao discurso dos media no que respeita ao campo da saúde, diagnosticar a linguagem jornalística sobre as doenças e as epidemias são alguns dos pontos presentes na tese de mestrado em Ciências da Comunicação apresentada na UBI.
> Eduardo Alves“É ponto assente que a doença e assuntos afins se situam entre os temas com maior interesse e relevância para a sociedade, o que lhe garante desde logo um lugar de destaque nos media”. Quem o diz é Sofia Isabel Martins Craveiro Dias que apresentou uma tese de mestrado em Ciências da Comunicação, intitulada “Saúde, Doença e Discurso dos Media: a cobertura jornalística da gripe das aves”.
A autora da tese defende que “a doença enquanto fenómeno gerador de notícias é um sinal dos tempos que correm” este trabalho pretendeu ser “uma reflexão sobre o papel do discurso jornalístico na produção e difusão de sentidos sobre a doença, focando as formas de enunciação que concorrem para a espectacularização dos enunciados sobre o tema em análise”. Um trabalho que teve como campo de análise “as marcas discursivas presentes nas notícias sobre esta enfermidade, em dois jornais nacionais, o Público e o Correio da Manhã, em versão on-line”.
Segundo Sofia Craveiro “a doença, tomada como acontecimento discursivo determinado pelos media, adquire uma nova importância no imaginário jornalístico”. A mesma garante que “tratando-se o discurso jornalístico de um dos principais veículos de informação sobre a doença e seus riscos, é também ele que assume, enquanto elo de ligação entre o público e esta realidade, um papel decisivo na propagação de significados e na formação de opinião sobre a mesma”. Esta tese situa as notícias sobre doenças no domínio da configuração simbólica e espectacular da narrativa e pretende demonstrar que “as estórias contadas nos jornais, sobre a temática da Gripe das Aves, (doença eleita para exemplificar e demonstrar a validade do repositório teórico evocado) ganhou, mercê destes mecanismos narrativos, a capacidade de originar novos sentidos, maiores possibilidades de interpretação, atribuiu significativamente relevância ao assunto e garantiu aos enunciados jornalísticos, amplitude, facticidade, eloquência e expressividade, tornando-os mais espectaculares, logo mais atractivos e consumíveis”.
“Com a análise discursiva do caso Gripe das Aves, sobretudo no que respeitou à identificação do estilo e dos traços persuasivos nestes enunciados, verificou-se que neste caso específico, o discurso jornalístico não se limitou a reportar factos, mas sobretudo a interpretá-los, posição bem visível quer na linguagem utilizada quer na escolha de imagens que acompanham as notícias”, concluí a autora.
A tese foi aprovada por um júri constituído por João Carlos Ferreira Correia, professor auxiliar da Universidade da Beira Interior e Maria Cristina Mendes da Ponte, professora auxiliar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
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