Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 385 de 2007-06-19 |
Profissionais reflectem a leitura na UBI
A Universidade da Beira Interior (UBI) acolheu intervenientes nos mais diversos momentos da formação literária a fim de debater esta problemática. O local escolhido não podia ser mais adequado. Na Biblioteca Central da UBI, o remodelado Departamento de Letras fez as honras da casa.
> Ana Albuquerque“Leituras do Plano Nacional (de Leitura)” foi o pretexto para se reflectir sobre formas de promoção e estímulo da leitura. Um projecto para todas as idades, mas onde os mais novos são o alvo de uma acção mais atenta. O Departamento de Letras da UBI trouxe ao anfiteatro da biblioteca, no dia 12 de Junho, a análise das actividades e acções que se têm vindo a realizar. Centros de Formação, projectos escolares, estudiosos, comprometidos, e o próprio Plano Nacional de Leitura, com a presença da comissária Isabel Alçada, estiveram em reflexão.
Os níveis de literacia em Portugal continuam a ser objecto de preocupação, em especial nos jovens. Maria da Graça Sardinha, directora da Licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas, apresentou os dados: “Milhares de jovens não possuem o 12º ano de escolaridade e muitos outros completam o 9º ano com classificação negativa na disciplina de português”. Apesar de os indicadores terem aumentado com a adesão à União Europeia (UE), há problemas que permanecem.
António Fidalgo, presidente da Faculdade de Artes e Letras da UBI, apercebe-se da falta de leitura dos seus alunos, pela “dificuldade que eles têm em compreender os textos”. Já António dos Santos Pereira, presidente do Departamento de Letras da UBI, considera que da parte do Departamento de Letras o esforço tem sido feito. Nesta “academia do livro”, como o designa Santos Pereira, encontram-se “autores, leitores, promotores e compradores de livros”, referindo-se tanto a docentes como a alunos. O esforço que se espera das universidades é pedido também às escolas, famílias e a todos os envolvidos.
Os objectivos deste dia de “leituras”, do recente “Plano de Leitura”, passavam por “fazer o ponto da situação e reflectir sobre estratégias para elevar os níveis de literacia e colocar os portugueses a par dos níveis europeus”, explica Graça Sardinha. Face às exigências do recente conceito de Literacia, impõe-se uma atitude simultânea de mudança e continuidade, questionando suportes, modos de aprender e produzir.
Uma das conclusões da Mesa Redonda sobre “Leitura na Formação Contínua”, onde estiveram presentes os Directores dos Centros de Formação Contínua de vários pontos do distrito, é a necessidade de estimular a leitura dentro do seio familiar. Ensinar a ler e fazer com que o professor assuma um papel de referência na leitura para o aluno foram igualmente destacadas como importantes formas de incentivo. O desafio estende-se também aos invisuais e à necessidade de estimular a capacidade de leitura neste grupo.
A partilha de experiências “Leitura para Todos” juntou Ascensão Simões, antiga directora do conselho executivo da Escola Secundária Campos Melo e actual reitora da Academia Sénior da Covilhã, e Teresa Reis, escritora. Ascensão Simões recorda todo o seu percurso literário, os livros que leu em diferentes etapas da sua vida e que hoje lê. As estórias que ouvia e que estimulavam a sua imaginação, os poemas memorizados para as festas em família, as leituras na língua de origem dos escritores, o incentivo escolar e o ensino. Entre Luís de Camões e os romances históricos de hoje, passaram os livros obrigatórios de filosofia e história, curso em que se formou. Com as filhas reviveu os livros infantis, sem se querer desligar do mundo dos livros. Por isso, hoje está à frente da Academia Sénior, relembrando que “não nos podemos esquecer de ler e escrever”.
Para além do estudo e da relação profissional que existe com os livros, Teresa Reis acrescenta a ligação sentimental que se vai construindo com a leitura. Para a escritora, “o currículo deveria estar centrado na língua e literatura” e reforça o papel que todos têm neste domínio: “Mesmo sendo profissionais de diferentes áreas, todos somos professores de língua, de português”.
Entre as diversas actividades que ocuparam o dia, tiveram lugar a apresentação de projectos de quatro equipas para o “desenvolvimento de competência leitora” nas escolas. A este nível sentem-se algumas dificuldades em motivar alunos do Secundário para a leitura, mas os esforços convergem na criação de estratégias alternativas e dinâmicas. Segundo Regina Gadanha, da Escola Frei Heitor Pinto, da Covilhã, “o Plano Nacional de Leitura impulsionou-nos, com ele fomos mais longe”. As estratégias envolvem professores, encarregados de educação e alunos, potenciando os recursos das instalações escolares com a criação de mediatecas, ludotecas, jornais e rádios, promovendo o livro, para além das bibliotecas convencionais.
A representação de peças por alunos da Escola EB 2,3/S. Pedro da Fonseca de Proença-a-Nova e da Escola EB1 A Lã e a Neve, da Covilhã, precedeu o culminar do dia. Uma jornada de reflexão sobre a importância da leitura, as necessidades reais da região e do País nesta área e a urgência de uma actuação continua e persistente no estimulo da leitura em todas as idades, principalmente nos mais jovens.
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