A Televisão do Futuro na UBI

O ciclo de debates universitários intitulado “A televisão na era digital” realizou-se esta semana na Universidade da Beira Interior. A iniciativa é promovida pela RTP em parceria com Universidades Portuguesas no âmbito das comemorações dos 50 anos do operador público de televisão.

Os conteúdos televisivos, a interactividade e o papel que cabe ao serviço público no século XXI foram algumas das questões em destaque no “Ciclo de Debates Universitários: A TV na Era Digital”, realizado na passada quinta-feira, 31 de Maio, na Universidade da Beira Interior. A iniciativa, dirigida a professores, investigadores, estudantes e profissionais dos media, pretendeu dar a conhecer os novos desafios que a televisão digital implica tanto ao nível dos media como na sociedade em geral.Após a habitual sessão de abertura, passou-se a uma breve apresentação da forma como a televisão pública se está a preparar para a era digital, e das estratégias a adoptar para a sua implementação. Rui Matos, sub-director de Sistemas e Manutenção da RTP, explicou que “as fitas serão extintas e todo a produção será digitalizada e disponibilizada numa rede interna”. O Engenheiro da RTP revelou ainda que se deve “apostar nos conteúdos em todos, ou quase todos, os meios de difusão, garantindo a diversificação e actualização desses mesmos conteúdos, e adequando-os ao meio para o qual vão ser transmitidos” ou seja, criando-se linguagens específicas novas, de acordo com os meios que os telespectadores utilizarem para assistir à programação. Para o debate foi convidado Jesus Timóteo Alvarez, catedrático da Universidade Complutense de Madrid. O docente centrou a sua palestra na “Transição para a era pós-mediática: construção de consensos na televisão pós-generalista”, na qual apresentou a evolução das técnicas de produção dos media desde a era mediática. Actualmente, Portugal encontra-se numa fase de transição para a era digital, prevendo-se o “apagão” da era analógica em 2012.
Jesus Alvarez vê a era digital como “a oportunidade para se produzir programas televisivos de maior qualidade, assentes numa maior interactividade”. No entanto, para isso “os serviços públicos têm que ganhar um certo prestígio, pois se as televisões públicas não são capazes de, com os meios que têm, competir com as televisões privadas através da oferta de informação objectiva e de qualidade, serão as televisões privadas que dominarão o mercado. Anda tudo à volta da oferta, qualidade e custo”. Para o docente a “conclusão é clara: necessitamos de serviço público mas, para isso, o serviço público deverá ser capaz de oferecê-lo”.
Relativamente a esta matéria, António Borga, director de produção da RTP, considera que “a questão passa pela reconfiguração do serviço público tradicional, tal como nos o conhecemos, para um serviço público adequado à multiplicidade das formas de distribuição de conteúdos que o digital permite”. O director de produção da RTP associa esta reconfiguração ao conceito de serviço público media electrónico, uma vez que este aumenta as formas de conteúdo adequando-se, deste modo, ao objectivo do serviço público das televisões digitais.
Para o financiamento da vasta variedade de conteúdos prestados pelo serviço media electrónico, António Borges explica que “alguns deles poderão ser sujeitos aos sistemas de subscrição ou assinatura, cabendo aos consumidores a sua contribuição para o serviço público, co-financiando-o relativamente aos impostos que já pagam”. Neste caso, “temos de criar serviços suficientemente importantes e interessantes para que as pessoas se sintam motivadas a pagarem esses serviços”, sublinha.
O evento sobre “A televisão na era digital”, que decorrerá até 10 de Outubro, serviu igualmente para uma demonstração-apresentação do canal RTP Mobile. O próximo debate terá lugar no dia 26 de Setembro na Universidade de Aveiro.
Ainda no âmbito das comemorações dos 50 anos da RTP, realizar-se-á a 19 de Junho no centro cultural de Belém em Lisboa uma conferência Internacional subordinada ao tema “O Serviço Público de Rádio e Televisão no Contexto Internacional: A Experiência Portuguesa”. Todos os detalhes sobre os debates podem ser consultados na página oficial.