Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 384 de 2007-06-12 |
“Porque vão os trabalhadores da Delphi para a Roménia?”
O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) solicitou na passada semana esclarecimentos ao Governo sobre a legalidade no envio de trabalhadores da Delphi da Guarda para uma fábrica na Roménia.
> Notícias da CovilhãSegundo José António Simões, secretário-geral do SIMA, a empresa de cablagens para automóveis já enviou a 09 e 28 de Maio, um total de 84 trabalhadores para a Roménia, quando a administração da empresa se comprometera a receber na Guarda, uma encomenda daquele país.
A Delphi anunciou a 18 de Maio que até ao final do ano iria despedir 524 dos actuais mil trabalhadores "em consequência da forte redução de actividade sofrida pela fábrica da Guarda" (ver páginas centrais).
Agora, o SIMA mostrou-se preocupado com o envio de 84 trabalhadores para a Roménia e pelo anúncio da saída de mais 50, na próxima semana.
"No acordo [estabelecido entre a empresa e os sindicatos] disseram [a administração] que vinha uma encomenda de trabalho para a Guarda e isso ainda não se verificou. Pelo contrário, estamos a verificar a ida de trabalhadores para a Roménia", disse o sindicalista à Agência Lusa.
José António Simões adiantou mesmo que o SIMA pediu uma reunião de urgência ao conselho de administração da Delphi "para esclarecer a situação" e apelou ao primeiro-ministro, Presidente da República, ministérios da Economia e da Segurança Social, assim como à Inspecção-Geral do Trabalho, "que tomem providências para saber em termos da legalidade, o que se está a passar".
O sindicalista acusa os dirigentes da empresa de "irresponsabilidade", questionando: "Os trabalhadores vão fazer o quê para a Roménia, quando disseram que não iam para o desemprego em Junho, mas só em Dezembro?". "Será que em vez de vir o trabalho para a fábrica [da Guarda], estão a comercializar os trabalhadores?", acrescenta. "Eles [os administradores] não informam os trabalhadores sobre o que vão fazer", denuncia o sindicalista, dizendo que apenas lhes é comunicado "amanhã vais para a Roménia, prepara-te".
O secretário-geral do SIMA admite tratar-se de uma situação "muito critica e duvidosa", considerando-a "inaceitável, porque não veio encomenda nenhuma e os trabalhadores estão a ser postos à venda". E acrescenta que o sindicato já está em contacto com organizações sindicais na Roménia "para verificarem o que se está a passar lá" e que o assunto será tratado esta semana, em Lisboa, num congresso internacional que contará com a presença de representantes sindicais da Europa e dos países de Leste.
O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas dos Distritos de Aveiro, Viseu e Guarda (STIMMDAVG) também se mostra preocupado com a situação. "A nossa preocupação é saber se esses trabalhadores têm garantias quanto ao futuro e saber se esta deslocação não serve para empatar mais uma vez os trabalhadores, ou se serve para dar formação para a tal encomenda que pode vir para cá", disse à Lusa o seu coordenador, Júlio Balreira.
O sindicalista adianta que pediu explicações à empresa, tendo sido informado que esta deslocação "tem a ver com a necessidade de dar formação a trabalhadores que possam desenvolver a tal encomenda na Guarda e resolver o problema da falta de mão-de-obra qualificada".
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