Voltar à Página da edicao n. 383 de 2007-06-05
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Os mais importantes membros desta indústria estiveram na UBI

Indústria do papel na UBI à conquista da Europa

A licenciatura em Engenharia do Papel abriu há quase 25 anos na Universidade da Beira Interior (UBI). O tempo que mudou a indústria e a universidade, e hoje os desafios são outros, para ambas. Mas Portugal continua a ter neste sector um “papel” fundamental.

> Igor Costa

O objectivo do seminário passou por “analisar o potencial do sector da pasta e do papel em Portugal”, mas desde o início se viu que as oportunidades espreitam cada vez mais além fronteiras. Serafim Tavares, director geral do Raiz – Instituto de Investigação da Floresta e Papel, falou desta indústria como uma das poucas que, em Portugal, se tornará cada vez mais competitiva, ao longo dos anos.
É sem surpresa que os empresários dizem que é “determinante na economia nacional”, mas o facto é que constitui nove por cento das exportações de bens. Este e outros dados foram apresentados na manhã de 1 de Junho, onde se falou da indústria de celulose e papel como “um potencial a explorar”. Esta área contribui para quatro por cento do Produto Interno Bruto (PIB), e emprega cinco por cento dos trabalhadores portugueses. A ideia foi desenvolvida por Dolores Ferreira, da Celtejo. O administrador da Empresa de Celulose do Tejo focou, também ele, a “competitividade e inovação a que se assiste no sector”.
Serafim Tavares falou concretamente do Grupo Portucel Soporcel como um dos poucos que, em toda a Europa, tem investido neste sector. Uma competitividade que tem feito com que a empresa “seja capaz de conquistar quotas de mercado na Europa”. Para o investigador, trata-se de um investimento arriscado mas inevitável, pois “a presença competitiva no mercado europeu implica que se fechem unidades menos competitivas”. Um dado que não persegue o Grupo Portucel Soporcel: “Nos últimos anos, o grupo investiu, reduziu as emissões gasosas e os afluentes líquidos poluentes e aumentou a produção”.
Um aumento produtivo que não se vê afectado pelo desenvolvimento tecnológico e pela digitalização dos conteúdos. “Que eu saiba, até hoje não houve nenhuma redução no consumo de papel, nomeadamente nos papéis de escritório, que seriam os mais afectados pela informática. Parece até que tem havido um aumento significativo”, revela Armando Brochado, da Portucel Viana. Para o administrativo, o mundo sem papel não é possível, e tampouco desejável. “O papel é um matéria muito amiga do consumidor, na medida em que é cómodo, confortável, eficiente nas suas várias aplicações. Tem ainda um aspecto simpático, pelo facto de ser produzido a partir de uma matéria-prima natural renovável”, acrescenta o empresário nortenho.
As implicações ambientais são outra das maiores preocupações dos empresários do ramo, nomeadamente quando os fogos florestais colocam uma grande pressão sobre a matéria-prima. As consequências desse dado levam Armando Brochado a acreditar que “em Portugal não há nenhum sector industrial que tenha uma relação melhor com o ambiente que o sector papeleiro”. A rentabilização desta indústria “dá sentido a que haja uma actividade de plantação e manutenção dessa floresta com vista à produção de madeira. Esse é o garante de que há continuidade em termos de área florestada, o que proporciona um efeito benéfico para o ambiente”, explica o empresário.
Para além do mercado e do ambiente, há uma terceira relação que, no entender de Armando Brochado, tem sido mais problemática: “Quanto à formação de técnicos e engenheiros tem havido algumas limitações, alguns estrangulamentos e alguns desfasamentos, e os resultados não têm sido os mais felizes”. Mas o empresário saiu do seminário confiante de que universidades e indústrias saberão redireccionar as estratégias, a fim de aumentar os proveitos.
Ana Paula Duarte, presidente do Departamento de Ciência e Tecnologia do Papel da UBI, falou sobre a investigação e a formação dos alunos nesta universidade. Ao fim de duas décadas de funcionamento, a licenciatura em Engenharia do Papel encerrou. Hoje, são atribuídos na UBI o segundo ciclo de Bolonha e o grau de doutoramento, nesta área específica de formação. Na perspectiva de Serafim Tavares, a relação das empresas com as universidades passa pela aquisição de licenciados ao nível dos melhores formados internacionalmente, e na produção de conhecimento. “O know-how é o verdadeiro elemento diferenciador entre empresas”, defende o conferencista. A este nível, Armando Brochado não tem dúvidas: “A UBI tem sido um exemplo, ao funcionar como um sector da investigação e desenvolvimento da indústria”. Manuel dos Santos Silva, reitor da UBI, fez questão de estar presente durante todo o encontro, que contou ainda com a presença de Paulo Barata, presidente da TECNICELPA, Associação Portuguesa dos Técnicos das Indústrias e Papel.


Os mais importantes membros desta indústria estiveram na UBI
Os mais importantes membros desta indústria estiveram na UBI


Data de publicação: 2007-06-05 00:00:00
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