Descobrimentos “ao vivo” no novo museu em 2008

O novo museu dedicado aos Descobrimentos, em Belmonte, estará pronto em 2008. Não se trata, porém, de um lugar de exposição de meras peças. Será uma estrutura viva, com elementos multimédia, com os quais o visitante poderá interagir e assim conhecer a história de Belmonte, do Brasil e de Pedro Álvares Cabral.

“Este não é mais um museu. É um projecto mais vasto, com elementos multimédia, em que está colocada uma história com mais de 500 anos. Queremos que seja um museu vivo”. Foi esta a explicação dada por Paulo Monteiro, responsável pelo projecto do novo museu que está a ser construído em Belmonte, dedicado aos Descobrimentos, intitulado “À descoberta do novo mundo”, a todos os que tiveram oportunidade de assistir à apresentação da nova infra-estrutura na passada quinta-feira, 26, Dia do Concelho em Belmonte. Um projecto vanguardista, em que se pretende aliar o passado ao futuro.
De facto, as 16 salas do museu serão tudo menos “normais”. Explicando melhor, o novo espaço não será um mero local onde se encontrarão peças alusivas aos Descobrimentos, a Belmonte, ao Brasil ou Pedro Álvares Cabral, mas talvez “a caravela” na qual os visitantes irão embarcar para uma viagem longa e inesquecível. É que, aliada às peças que ali se encontrarão estará a tecnologia mais avançada. Por exemplo, ao chegar à sala 3, dedicada à “epopeia dos descobrimentos”, o visitante verá no chão várias datas associadas aos descobrimentos. Ao pisar uma delas, será projectado na parede a explicação sobre o que aconteceu naquela altura. Mas há mais. Por exemplo, na sala 5, ao consultar os computadores ali existentes, o visitante poderá ver como se preparava a armada. Na sala 7, dedicada ao Mar Alto, sentir o barulho do mar, das tempestades ou a angústia dos marinheiros ao não ouvirem o vento, que puxava as suas caravelas. E na sala 8, dedicada à “chegada”, sentir mais calor, mais cinco graus, tal qual sentiram os valorosos marinheiros de Pedro Álvares Cabral, quando chegaram a terra firme. E pisar a areia projectada no chão da sala, vendo mesmo as pegadas que forem deixando à medida que forem caminhando. Indo mais além, na sala 10, dedicada à biodiversidade, o turista poderá atravessar uma enorme cascata de seis metros projectada para uma das paredes. Tudo isto especificidades de um museu que, segundo Paulo Monteiro, se pretende de afectos. “Interessará ter um museu que não atraia pessoas e tenha peças paradas? Acho que não, pelo que queremos que este seja um museu vivo” explica o responsável do projecto elaborado pela Arqueohoje e Piruga Design. Que frisa mesmo que até o bar/restaurante que ali irá surgir é diferente, pois também ele quer ser um espaço museológico, tendo muita da gastronomia dos dois povos.
Segundo o autarca belmontense, Amândio Melo, espera-se que o museu esteja pronto em 2008, em princípio, no final do ano.
Já na sessão solene dedicada ao Dia do Concelho, o autarca fez questão de frisar a função pedagógica que o museu terá, valorizando a história dos dois países, e disse querer que assuma uma importância “em termos nacionais”. Lembrando o caminho que Belmonte percorre no turismo cultural, com a criação deste quarto museu temático (a seguir ao Ecomuseu, Museu do Azeite e Museu Judaico), Amândio Melo pediu ajuda ao Ministério da Cultura, pois o convidado de honra das cerimónias era o secretário de Estado da Cultura, Mário Vieira de Carvalho. “Peço-lhe que tenha em conta as nossas preocupações” apelou o autarca, convicto que Belmonte, no futuro, “vai dar a volta e ser uma referência regional”. Já o governante lembrou os dinheiros que se podem ir buscar ao QREN e candidaturas que se podem fazer ao próprio Ministério, mas prometeu estar “disponível para apoiar as vossas iniciativas”.
Os custos da obra estão estimados em dois milhões de euros, financiados em 70 por cento pelo programa das Aldeias Históricas, sendo o resto suportado pela autarquia.