Voltar à Página da edicao n. 378 de 2007-05-01
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Canções de

João Afonso e Luís Pastor ao ritmo da liberdade

Sobrinho e companheiro de armas de Zeca Afonso subiram ao palco do Teatro Municipal da Guarda (TMG). Entre músicas de um, de outro, e do último álbum conjunto, houve tempo para o “Grândola Vila Morena”.

> Igor Costa

Para João Afonso, cantar no 25 de Abril é já um costume. O músico não esconde o simbolismo da data, e foi à cidade mais alta na companhia de Luís Pastor. Com uma banda diversificada tocaram temas de “Outra Vida” e de “En esta esquina del tiempo”. O disco do espanhol, em colaboração com João Afonso, conta com uma versão em português. Sonoridades de África, ritmos latinos e letras de José Saramago marcaram um concerto que deu ao Dia da Liberdade uma noite especial.
É sempre curioso ouvir o sotaque estrangeiro de um aprendiz esforçado. Luís Pastor não se rogou, e escolheu cantar as versões portuguesas dos últimos temas que compôs. O resultado foi um espectáculo apaixonante, em que o bem composto grande auditório do TMG se tornou num espaço íntimo para centenas de apreciadores. A cumplicidade entre público e palco assumiu contornos de dejá vu quando uma criança saiu da plateia e emocionou o músico de Espanha com um cravo vermelho. “Foi muito giro. Para já as crianças são todas fruto do pós 25 de Abril. É-lhes contada uma história bonita, de uma revolução que não matou”, contou João Afonso. O cenário ficou completo depois de “Grândola de mi querer”. À música composta pelo andaluz respondeu quem assistia com o original de Zeca Afonso, num canto que uniu de novo todos os intervenientes.
O auge de tanto entusiasmo deu-se com “Maria Madalena”, qual grito do Ipiranga, e Luís Pastor a dançar com a primeira fila. “Paz de Santiago”, “Náufrago das estrelas”, “Mi Libertad” (que abriu o encore) ou “Ergo una Rosa” (o preferido do Nobel português) foram outros temas do último álbum do espanhol. Um Luís Pastor sempre mais interventivo, mais apaixonado, mais presente, mas quase sempre ao lado de João Afonso, que foi crescendo com o passar do tempo. O português apresentou temas como “Agridoce”, “Eco” (com letra de Mia Couto), ou “Outra Vida”. As referências concretas a Zeca Afonso surgiram seguidas. Primeiro com “Papuça”, do próprio Zeca, em que o sobrinho entrou em verdadeiros diálogos musicais com o resto da banda. De seguida com “Pensador”, de João Afonso, que o jovem dedicou ao seu tio, contando com as danças e os vocalizos de Luís Pastor em volta de todo o palco.
Um palco bem organizado, com estrados para os músicos, atrás, e protagonismo para os cantores, no chão de todo o espaço. Lourdes Guerra (voz), João Lucas (piano e acordeão), Paulo Temeroso (saxofone), Marco Santos (bateria), Jon Luz (cavaquinho) e Francisco Abreu (guitarra) estiveram ao nível do que se exigia, e acompanharam ao mais alto nível os dois protagonistas. Entrosamento e cumplicidade que o público reconheceu e João Afonso valoriza: “O meu maior prazer é essa comunhão que há entre a banda, e sinto que quanto mais rodamos e tocamos os temas, mais falamos a uma só voz. E isso é bom, porque é uma forma de comunicar com as pessoas que estão do outro lado”.


Canções de
Canções de "Abril" e de outras revoluções foram interpretadas no TMG


Data de publicação: 2007-05-01 00:03:00
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