Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 378 de 2007-05-01 |
Baladas de Abril no Oriental de S. Martinho
Nas vésperas das comemorações do 33º aniversário da Revolução dos Cravos, alunos de guitarra mostraram o trabalho realizado na colectividade. Ao som de Zeca Afonso, o público encheu o Salão Nobre da Sede do Oriental de S. Martinho.
> Ana AlbuquerqueA música é uma das actividades artísticas promovidas pelo Oriental de S. Martinho, onde alguns jovens dedicam parte do seu tempo livre. As canções de Zeca Afonso foram “a feliz coincidência”, segundo Francisco Mota, vice-presidente da direcção, que o aproximar do dia 25 de Abril proporcionou. A direcção desta colectividade da freguesia de S. Martinho, na Covilhã, organizou a sessão do dia 21 de Abril. Os alunos actuaram na companhia do professor e o público respondeu ao convite, aderindo à iniciativa.
O programa de actividades culturais proposto pelo Oriental de S. Martinho contempla o ensino de instrumentos musicais, nomeadamente guitarra clássica e eléctrica, flauta de bisel e acordeão. Na noite de sábado, as guitarras fizeram-se acompanhar pelas vozes dos próprios alunos e do professor. O evento permitiu aos alunos mostrar o resultado da sua aprendizagem nas aulas de música. Diogo Venâncio, professor de guitarra clássica e guitarra eléctrica, destaca que os seus alunos “trabalharam arduamente, apesar das suas limitações, pois eles têm aulas e outros projectos”. A dedicação individual e o trabalho conjunto influenciaram o desempenho do grupo, traduzindo-se na receptividade por parte do público. “O esforço deles foi amplamente recompensado para todos, e penso que para as pessoas que estiveram a assistir também”, acrescentou o professor.
Quanto ao repertório, há algo mais para além da sonoridade das melodias, nomeadamente a importância histórica das letras para o povo português. Os quatro guitarristas e a violinista interpretaram temas como “Estrela-d’Alva”, “Os Vampiros”, “Venham mais cinco”, “A morte saiu à rua”, “Vejam bem” ou “Maria Faia”, conciliando os sons electrónicos das guitarras com o clássico do violino, sem esquecer a guitarra clássica, instrumento de Zeca Afonso. A aprendizagem das músicas requeria um conhecimento e compreensão mais aprofundados da época à qual o músico pertenceu. Diogo Venâncio admira o compositor de “Grândola Vila Morena”, canção que deu início à Revolução dos Cravos em Portugal e reconhece que “musicalmente se tratava de um músico e compositor muito à frente do seu tempo”.
A interpretação das canções de Zeca Afonso requereu por parte dos alunos um trabalho de pesquisa, a fim de se familiarizarem com o artista e o período revolucionário do Portugal coevo. “Quando começámos a treinar, eles não associavam as músicas a Zeca Afonso”, referiu Diogo Venâncio. Este trabalho serviu também para que os estudantes compreendessem a importância que canções como “Grândola Vila Morena” tiveram em Portugal. “Para eles trata-se de um processo de descoberta, em que pesquisaram o passado, apercebendo-se que, muitas vezes, as músicas que ouvem não são de bandas ou cantores mais contemporâneos”, salientou com agrado o professor.
Na plateia, pessoas de todas as idades assistiram ao concerto, acompanhando os músicos em “Maria Faia”. Diogo Venâncio e Francisco Mota concordam quanto à reacção de quem assiste. À qualidade reconhecida aos alunos, que integram um tipo de programa menos intensivo, os pais “sentem muito orgulho em ver o trabalho deles porque durante o período lectivo não conseguem ter a percepção do trabalho que se tem feito”, salienta o vice-presidente. No final, “é muito motivador para todos”, acrescenta.
A agenda do Oriental de S. Martinho não prevê mais nenhuma iniciativa para o mês de Abril. Contudo, os meses que se seguem prometem mais certames no âmbito da música. No mês que se segue, realizar-se-á uma festa submetida ao tema “Anos 60”. Já em finais de Maio, o Teatro-Cine irá receber o III Encontro de Música Tradicional Portuguesa, onde para além do agrupamento de S. Martinho, participarão outras colectividades ligadas à música popular. No âmbito das comemorações do 25 de Abril, este grupo de guitarras foi convidado a actuar no Teixoso, a convite da Junta de Freguesia da localidade e da Associação da Grande Roda.
Apesar de este ano não se realizarem as Marchas Populares na cidade da Covilhã, Francisco Mota admite a realização de uma marcha popular de dimensões menores. O objectivo é, de acordo com a direcção, “reunir o material que já temos, que já é muito, e proceder a uma reciclagem desse material”. O desfile, inserido nos festejos dos santos populares, percorrerá as ruas da zona onde se insere o Oriental, culminando com um baile na Sede.
Multimédia