Voltar à Página da edicao n. 377 de 2007-04-24
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Director: António Fidalgo Directores-adjuntos: Anabela Gradim e João Canavilhas
 
O realizador esteve na UBI para participar no RELIPES

Mostra de filmes de Benito Zambrano

A antever a vinda de Benito Zambrano até à UBI, foram exibidos segunda e terça-feira, na Cinubiteca, os filmes Habana Blues e Solas.

> Stephane Oliveira

A sala preencheu-se com alunos interessados, e até alguns professores. Hugo Santos, um dos presentes na sessão terça-feira, confessou ter apreciado Solas. “É um filme premiado e esse foi o principal motivo que me atraiu até aqui. Estava curioso e as expectativas não foram defraudadas. Gostei da forma como o tema da solidão, da pobreza e do sofrimento foram abordadas. A história era simples, mas a angústia era real e complexa”.
Zambrano nasceu em Março de 1965 e conta no seu reportório com filmes como Melli, El encanto de la luna llena, Un niño mal nacido, Solas, Habana Blues, Los que se quedaron, Padre Coraje, ¿Quién soy yo? e La última humillación: o seu primeiro filme. Foi estudante de Arte Dramática em Sevilla, tendo estudado cinema em San Antonio de Baños, Cuba.
A obra Solas obteve cinco prémios Goya, nomeadamente nas categorias de melhor direcção, melhor interpretação feminina, melhor actor revelação, melhor actriz revelação e melhor guião original.
Solas saiu ao público no ano de 1999 e mostra a vida de uma jovem alcoólica, pobre, que subitamente é obrigada a repensar a sua conduta de vida. A personagem principal é Maria, representada por Ana Fernandéz, e engravida de um homem que não a ama e com o qual tem uma relação puramente sexual. O homem, ao saber da gravidez, limita-se a dizer que quer que ela proceda a um aborto, não assumindo a paternidade, mas María parece ver no filho a oportunidade certa para mudar de rumo e tentar ser feliz.
A maior parte das personagens não tem nomes definidos neste filme, e é curiosa a forma como Zambrano consegue realizar toda uma metragem sem os revelar. Solas gira em torno da personagem principal: María é empregada de limpeza e tem a sua mãe hospedada em casa. A razão para isso é o seu pai estar internado no hospital da região, um homem rabugento e violento.
Carlos Alvarez Nóvoa desempenha o papel de vizinho de María. Esta personagem terá um papel fundamental para que ela dê o passo final e assuma o filho. É um velho solitário que conheceu a empregada de limpeza através da sua mãe, com quem mantinha contacto, após uma conversa trivial sobre comida. A partir daquele momento a mãe de Maria começou a visitá-lo e trazer-lhe mantimentos. A Mãe de Maria é uma mulher frágil e sofre maus-tratos físicos e psicológicos por parte do marido, a única coisa que a prende é o medo que lhe sente. Ao conhecer o vizinho da sua filha, a mãe de María começa a sentir-se-lhe afeiçoada, parecendo apaixonar-se. E de facto, o vizinho guarda uma ténue esperança de ter uma relação com ela, algo que partilha de forma algo tresloucada e carinhosa com o seu cão, até ao momento o seu único verdadeiro amigo. Quando começa a acreditar que é possível superar a solidão, o medo da sua amada aliado à súbita recuperação do marido, obrigam-na a viajar de novo para a sua terra.
Esta catadupa de acontecimentos leva María a trocar confissões com o seu vizinho. É aí então que percebem que se podem ajudar mutuamente, María dando um neto adoptivo ao vizinho, o vizinho ajudando-a a criar o filho.
Habana Blues é o último filme de Zambrano e foi co-escrito entre ele e Ernesto Chao. O tema central é a vida de uma banda Cubana em Havana. O filme foi realizado em 2005 e tem como actores Alberto Yoel, Roberto Sanmartín e Yaliene Sierra. Como fundo é possível ver-se neste filme a dialéctica entre os apoiantes e os detractores do regime cubano.
Benito Zambrano, apesar de ser espanhol, tirou o curso de cinema em Cuba e talvez o facto de ter lá vivido tenha ajudado a compreender como funciona a mentalidade e o modo de vida das pessoas na ilha. As personagens do filme: Ruy e Tito, são dois amigos de longa data que partilham o sonho de um dia singrar na música. Após a gravação de uma demo, o sonho começa a ganhar algum sustento, porém ao pedirem ao governo para lhes conceder uma licença para darem um concerto num teatro de Havana este é rejeitado com a desculpa de não ser do interesse público. Ora, isto leva os dois amigos e a restante banda ao desespero e impotência, mas ao contactarem o seu manager descobrem que dois procuradores de talentos de uma discográfica espanhola se encontram na ilha. Um novo alento surge após este momento e depois de umas breves apresentações preparam-se para gravar o álbum e assinar contrato. Contudo, nem tudo corre bem. A discográfica espanhola viria a ser comprada por uma americana que lhes oferecera um contrato aquém das expectativas e os obrigava a se manifestarem-se contra o regime cubano, impossibilitando-os, após o fazerem, de voltar ao país. Aqui surgem inúmeros conflitos no seio da banda, especialmente entre Tito e Ruy, os dois com opiniões contraditórias sobre o tema. No final do filme os amigos separam-se com destinos e opiniões diferentes, dão um último concerto mas perpetuam a amizade emocionadamente com um abraço.


O realizador esteve na UBI para participar no RELIPES
O realizador esteve na UBI para participar no RELIPES


Data de publicação: 2007-04-24 00:00:00
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