Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 376 de 2007-04-17 |
A influência da “Imagem Proibida”
Professores e alunos reuniram-se no passado dia 11 de Abril para discutir a problemática das imagens, que ao longo dos tempos afectou e construiu a sociedade e o mundo, manifestada através da pintura, do cinema, da filosofia, da política e da religião.
> Vânia Rodrigues“Imagem Proibida” foi o tema de exposição e debate destas jornadas promovidas pelo Labcom e pelo Instituto de Filosofia Prática da Universidade da Beira Interior, e que decorreram no passado dia 11 de Abril, no Anfiteatro da I da Parada.
Organizado pelos docentes Ivone Ferreira e André Barata, que, além de considerarem fundamental reflectir acerca dos limites da imagem, dizem ser “importante que os alunos e investigadores tenham um conhecimento mais amplo daquilo que outras pessoas pensam sobre esta temática”.
A constante censura das imagens ao longo dos tempos e a “dificuldade de existência de uma retórica da imagem” constituíram a justificação da escolha deste tema.
Para Ivone Ferreira, a importância da imagem hoje em dia é fundamental, referindo que “é crucial para qualquer profissional, seja jornalista, relações públicas ou realizador, aprender a trabalhar a imagem que quer transmitir para conseguir vender o seu produto ou alcançar o objectivo a que se propõe”.
Confrontada com a questão da manipulação das imagens, menciona que esta possibilidade lhe retira alguma credibilidade, até porque, actualmente, devido ao avanço tecnológico crescente e contínuo “existem instrumentos técnicos mais convincentes e eficazes na sua manipulação”.
A conferência inaugural esteve a cargo do professor José Bragança de Miranda, que falou da importância da relação entre a imagem e a visão para um bom desempenho da sociedade. Mencionou alguns autores conhecidos como Freud, Hobbes, Benjamim, expondo as suas ideias juntamente com a exibição de algumas imagens. A resposta à pergunta: “Porque é que a visão reemerge quando as imagens se indisciplinam?” constituiu parte do seu discurso.
A escolha deste professor para dar o mote a estas jornadas deveu-se sobretudo “ por ser um investigador reconhecido, uma figura mediática que a maioria de nós já conhece por ter sido nosso professor em seminário de mestrado ou doutoramento”, explica Ivone Ferreira.
Ana Albuquerque, Hélder Prior e Manuel Fernandes, alunos do curso Ciências da Comunicação, participaram neste colóquio expondo pontos de vista distintos.
“Esta participação nasce de um outro projecto sobre a metáfora em que também estão envolvidos os mesmos professores organizadores” refere Manuel Fernandes. Para o aluno, não existem imagens proibidas mas sim “sistemas de poder que por meio de interesses reprimem umas imagens e beneficiam outras”. Sendo o surrealismo um dos seus movimentos preferidos, explicou aos presentes os novos sistemas simbólicos surgidos aquando da passagem da Idade Média para a Idade Contemporânea.
Segundo Hélder Prior, não se pode falar em imagem sem citar Platão, “ainda mais quando o tema é a proibição das mesmas”, pois a ideia de proibir a imagem “vem dos gregos que consideravam algo de belo e verdadeiro o conhecimento que se identificava com a sua proibição”.
As jornadas culminaram com a discussão do tema “A Imagem Proibida de Deus”, apresentado por Ivone Ferreira, relacionando a imagem com Deus, com a Filosofia e com o Poder. “A imagem tem vindo a ser censurado nas mais variadas vertentes, do pensamento filosófico ao religioso, passando pelas artes mas também pela retórica e pela política sempre que se pretende estabelecer ou manter um poder”, conclui.
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