Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 374 de 2007-04-03 |
Conferências de Civil 2007 debatem Bolonha
Construção, planeamento, geotecnia e reabilitação de edifícios foram algumas das temáticas debatidas durante o Ciclo de Conferências de Civil 2007. As questões levantadas pelo Processo de Bolonha e a situação que a engenharia civil atravessa na actualidade foram, no entanto, assuntos incontornáveis durante os dias do evento.
> Cristina ReisMais de 140 alunos, docentes e profissionais de Engenharia Civil reuniram-se na Universidade da Beira Interior nos dias 27, 28 e 29 do último mês para participarem na sétima edição do Ciclo de Conferências de Civil. Nesses dias, falou-se do que melhor se faz no país ao nível da construção e especialmente da importância da reabilitação de edifícios.
João Carlos Lanzinha, vice-presidente do Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura (DECA) e docente da UBI doutorado em “Reabilitação urbana – zonas históricas” chamou a atenção para o facto de Portugal cada vez mais investir em edifícios novos e não dar importância à recuperação de edifícios. “Temos construções degradadas e abandonadas no centro das cidades, às quais ninguém dá valor porque preferimos construções novas na periferia, preferimos investir em novas infra-estruturas do que nas construções antigas.” Segundo o docente, “é mais rentável recuperar do que fazer de novo e as universidades e técnicos há muito que vêm a alertar para o problema”. As autarquias têm um papel importante na reabilitação, mas na opinião de João Lanzinha “reabilitar ou não os edifícios deve partir acima de tudo do proprietário e da visão que se tem da requalificação”.
O vice-presidente do DECA deixou, ainda, patente a ideia que “o trabalho, os alunos e os docentes da UBI são tão bons como os dos cursos de Engenharia Civil do litoral”. Foi também esta a mensagem que Celestino Quaresma, presidente da Ordem dos Engenheiros na Região Centro, transmitiu na sessão de abertura do ciclo. “A ideia que Lisboa é Portugal e o resto é paisagem é errada, pois o que se faz na UBI não é paisagem”, referiu Celestino Quaresma.
Na sessão de enceramento esteve presente o bastonário da Ordem dos Engenheiros, Fernando Santo, que trouxe ao departamento a “boa-nova” relativamente à acreditação do curso até 2013, sendo que foi a primeira vez que foi atribuída uma acreditação de seis anos consecutivos. O Processo de Bolonha e o caso relativo ao mestrado integrado foi outro dos assuntos em debate.
Fernando Santo não escamoteou tal questão, defendendo até que o processo “vai determinar maiores exigências por parte do sistema de ensino, obrigando Portugal a deixar a lógica de quem tem um canudo já é engenheiro e se passe a preocupar mais com o reconhecimento e o que fazer após o curso”. Para além disso, o bastonário da ordem deu conta da situação e dos problemas que atravessa a engenharia civil no país.
As conferências contaram ainda com dois workshops que consistiram em simultaneamente vender o produto dando a conhecer as tecnologias e os materiais mais utilizados no mundo da construção civil.
Este ano o 7º Ciclo “distinguiu-se pelo aspecto mais cultural, com espectáculos da Desertuna e das Moçoilas e da peça de teatro, pois todos os anos um Ciclo só de conferências já começava a ser um pouco maçador”, sublinhou António Moreira, presidente do Núcleo de Engenharia Civil da UBI (NECUBI).
O NECUBI, organizador do evento, pretendeu “trazer pessoas de grande credibilidade para transmitir novos conhecimentos aos participantes, sobretudo aos alunos, incutindo-lhes um espírito de investigação e de luta, de procurar saber mais, apreendendo novas ideias daquilo que melhor se faz a nível nacional e internacional, visto que alguns palestrantes têm projectos no exterior”, referiu António Moreira. Opinião partilhada por João Carlos Lanzinha, na medida em que “os alunos acabam por ter aqui um complemento da formação normal”. O docente salientou ainda a importância que esta iniciativa tem para o departamento, “porque por vezes são convidadas até à nossa casa pessoas que não conhecem a nossa realidade, as nossas instalações e os equipamentos, e ficam agradavelmente surpreendidas e com impressão que aqui também se faz um trabalho válido, levando uma ideia positiva da UBI, e nomeadamente do nosso departamento”.
Multimédia