Voltar à Página da edicao n. 373 de 2007-03-27
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
Director: António Fidalgo Directores-adjuntos: Anabela Gradim e João Canavilhas
 

O encerramento de serviços no Interior

> António Fidalgo

Sabemos que é em nome da racionalidade que se fecham escolas, maternidades, urgências e outros serviços do Estado. E entendemos isso. Uma escola não pode funcionar com duas ou três crianças. Não é só o ser caro, mas sobretudo por não ser bom para as próprias crianças. Tem de haver um mínimo de utentes para que um serviço público se justifique e funcione em boas condições.

Dito isto, aceitando a bondade das medidas governamentais de racionalizar os serviços públicos e de assim combater o défice orçamental, há que perguntar sobre as medidas compensatórias. É que nos encontramos aqui num círculo vicioso, numa pescadinha de rabo na boca. Porque não há utentes suficientes encerram-se serviços, o que, por sua vez, leva a um maior agravamento da situação. Num concelho do Interior do país o encerramento de escolas e de serviços de saúde representa mais isolamento, menos empregos, e mais abandono populacional. Professores, médicos, enfermeiros, pessoal administrativo, saem do concelho, ou seja, perdem-se actividades qualificadas e não se ganha nada em troca.

Será que a poupança que se obtém com esses encerramentos reverte para as respectivas localidades? Ou só lucra essas entidades anónimas que são o Estado e o seu orçamento?

Temos de ser favoráveis à racionalização dos serviços públicos. Mas essa não é a única vertente do problema. Do outro lado, temos uma população envelhecida, uma região desertificada, um imenso território desabitado e desaproveitado, que exige soluções. O Governo não pode racionalizar apenas a jusante, fechando o que já não se justifica. Tem também de abrir o que ainda não se justifica.

O escândalo não está em proceder a encerramentos de serviços públicos com poucos utentes, o escândalo está em fechar esses serviços no Interior e simultaneamente construir faustosos estádios de futebol no Litoral para ficarem às moscas. Não se pode poupar no lado fraco para esbanjar no lado rico, há sim que ter tento e discernimento para poupar e investir bem essas poupanças.


Data de publicação: 2007-03-27 00:00:00
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