Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 373 de 2007-03-27 |
Lanifícios e transumância com roteiro demarcado
Cerca de cinco anos depois do início do processo, a “Rota da Lã – Translana” está finalmente registada. Universidade da Beira Interior (UBI), Câmara Municipal da Covilhã, Instituto da Conservação da Natureza (ICN) e Museu Vostel Malpartida são os quatro titulares da marca.
> Igor CostaDe Malpartida de Cáceres à Covilhã traça-se a Rota da Lã, tal como está registada. Um processo moroso que se viu oficialmente concluído no final de Fevereiro, com a publicação da marca nacional número 392191. A “Rota da Lã – Translana” congregou esforços do Museu de Lanifícios da UBI, da Câmara Municipal da Covilhã, do ICN e do Museu Vostel Malpartida, em Malpartida de Cáceres, Espanha. Até Dezembro deste ano, a responsável conta ter pronta uma publicação “com mais de mil locais a ser visitados”. Em 2016 o registo tem de ser renovado, mas entretanto adivinha-se a expansão do mapa. A aposta de Elisa Pinheiro, directora do Museu dos Lanifícios, é “tornar a Rota da Lã num itinerário cultural europeu”.
Para tal, o parceiro espanhol da marca agora registada está já a desenvolver esforços para alargar a rota até ao Sudeste de Espanha. Do lado português, prevê-se que o mapa continue até ao Porto por onde, desde o século XVIII, a lã era exportada. O projecto identificou “os locais mais significativos nas duas vertentes da investigação desenvolvidas: A vertente das vias pecuárias e a vertente do património industrial”, explica Elisa Pinheiro. Mesmo ciente das dificuldades que o sector primário atravessa, a responsável vê na iniciativa uma oportunidade de promover o desenvolvimento sustentado. “Já foram rotas exclusivamente económicas, hoje são rotas históricas que têm potencialidades económicas ao nível do património cultural, e que chamam a atenção para a necessidade de preservar formas de vida”, refere Elisa Pinheiro.
Quanto a estes modos de vida, nomeadamente ligados à pastorícia, de que hoje tanto se fala, a directora do Museu dos Lanifícios realça o papel que a instituição desempenhou. Sobre o interesse que o mediatismo provocou em relação aos pastores, Elisa Pinheiro diz que a comunidade em geral “sente-se convocada a assistir a uma morte anunciada, e ao mesmo tempo a qualquer coisa que possa ser um renascimento”. Com os pastores, o museu contactou aquando do início dos trabalhos, enquanto os técnicos andaram no terreno, e só a falta de tempo limita uma maior aproximação. “Mas contamos convidá-los, a eles e aos produtores de gado, quando lançarmos a publicação, porque queremos que seja uma verdadeira festa”, revela a investigadora.
No decorrer do levantamento dos locais a assinalar, houve aspectos como a botânica, a fauna, a flora ou a geologia da região que foram notados, ainda que esse não fosse o objectivo inicial. A médio prazo, os intentos do projecto são, “depois de a Rota da Lã estar claramente definida no terreno, contribuir para valorizar os pontos de passagem”. Para além disto, Elisa Pinheiro pretende “trabalhar para o desenvolvimento desta Rota da Lã, numa primeira fase no concelho da Covilhã, e pensamos depois vir a alargá-la a outros concelhos. Esperamos que, com os concelhos por onde a rota passe, se possa depois fazer um trabalho mais próximo das comunidades locais”. Neste momento, o mapa conta com 132 pontos patrimoniais, sobretudo unidades fabris, e com 69 rotas de transumância, com maior concentração na Serra da Estrela.
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