Voltar à Página da edicao n. 367 de 2007-02-13
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
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A rapariga da cave

> Eduardo Alves

Natascha Kampusch era o nome que identificava uma foto “perdida” numa qualquer parede de uma qualquer esquadra de polícia da Áustria, precisamente onde estavam outras tantas fotos com outros tantos nomes.
Mas este nome, esta Natascha Kampusch que aos dez anos de idade tinha sido raptada a caminho da escola, é o nome de uma rapariga, agora com 18 anos, que esteve sequestrada na cave de uma casa durante oito longos anos. Depois de ter corrido para a liberdade, durante uma distracção do homem que a manteve em cativeiro durante todo esse tempo, Natascha encontrou abrigo imediato numa casa próxima. Família, polícia e instituições ficaram incrédulos com toda a história que correu mundo.
O dia 23 de Agosto de 2006 vai ficar assim gravado para sempre na vida destas pessoas e da própria Áustria. Mas foi depois desse dia que começaram a surgir também novos acontecimentos e comportamentos “singulares” por parte de Natascha. Na única entrevista concedida por Natascha, que não quer ver o seu pai e pouco fala com a sua mãe e restante família, que se sente mal quando sai à rua, pouco foi esclarecido sobre o que decorreu naquela casa durante oito anos. Como foi a sua infância e adolescência numa cave, qual a sua relação com Wolfgang Priklopil, o raptor que se suicidou poucas horas depois da fuga de Natascha e outros pontos que até a própria polícia não compreende.
“A rapariga da cave” é o primeiro trabalho de investigação, sustentado e fundamentado, que está baseado nas poucas informações conhecidas e que chega através de dois jornalistas. Allan Hall e Michael Leidig seguiram o caso deste o seu começo. Investigadores, polícias, advogados, psiquiatras e familiares próximos de Natascha foram algumas das fontes consultadas por estes dois profissionais da comunicação, que encontraram novas pistas para explicar o caso.
Não sendo um livro que tenta tirar partido da curiosidade social, esta obra é sim uma ajuda preciosa para a compreensão de como este facto alterou a vida de Natascha e todos os envolvidos neste acontecimento.
A versão portuguesa, editada pela Difel, conta com um prefácio do psicólogo Eduardo Sá que contextualiza a obra e ajuda o leitor a compreender o propósito e importância deste tipo de publicações.
“Receio que fique, para sempre, um pedaço da masmorra dentro de Natasha que, pela vida fora, a leve a sentir-se amarrada, quando a abraçam, e a desconfiar de todos aqueles que gostem de si (sobretudo, aqueles que, apesar de a amarem, não foram capazes de ir até ao fim do mundo para a resgatar)”, Eduardo Sá, in prefácio.






Data de publicação: 2007-02-13 00:00:00
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