Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 364 de 2007-01-23 |
O mundo de muitas crianças
São mais de 80 relatos de maus-tratos e condições precárias que marcam a vida de um grande número de crianças dos concelhos da Covilhã, Fundão e Castelo Branco. SOS Criança pretende ser um “grito de socorro” para situações limites.
> Eduardo AlvesFrancisco Abrantes é o autor de uma obra que pretende “dar a conhecer a realidade social em que algumas crianças da região Centro vivem”. Este funcionário da Câmara Municipal da Covilhã apresentou no passado sábado, 20 de Janeiro, na Biblioteca Municipal da Covilhã um livro intitulado “SOS Crianças, o presente e o futuro”.
Cerca de 80 casos de maus-tratos, fome e falta de habitação condigna que afectam crianças, são retratados nesta obra. Francisco Abrantes explica que este livro “é uma forma de pedir ajuda para que alguma coisa seja feita”. O conteúdo da obra editada pela Papiro foi surgindo “através de pesquisas e casos que eu conheci um pouco por todas as localidades dos concelho da Covilhã, Fundão e Castelo Branco”. Em todo este território, o autor garante existir “muita fome disfarçada”.
A ideia de escrever um livro sobre crianças e sobre as necessidades de algumas famílias surgiu “quando eu ia distribuir pelas escolas do concelho da Covilhã, o leite escolar”. Foi através dessa experiência que Francisco Abrantes começou a constatar “as necessidades de inúmeras crianças”. Se para um grande número de jovens, a chegada do leite escolar era um episódio sem qualquer importância, outras havia que “aguardavam a chegada dos funcionários da câmara com a maior das expectativas, havia crianças que estavam desejosas que ali chegássemos com o leite”.
Daí a começar a lidar com casos concretos foi um passo. Nas horas que tinha disponíveis “ia tentar ajudar as famílias, a preencher os papéis para obterem o Rendimento Mínimo Garantido ou então candidatarem-se a uma habitação social”. São experiências ganhas nesses episódios que o funcionário da autarquia serrana agora coloca no seu livro.
O autor deste trabalho garante que “alguma coisa tem de ser feita”. Espera agora que através dos relatos que conta, “sempre com pessoas de nome fictício”, as instituições competentes actuem. Francisco Abrantes garante que “na região há crianças que têm de procurar alimento no contentor do lixo”. Este funcionário da Câmara da Covilhã garante que o problema principal reside “nos organismos tutelados pelo Poder Central, mas também, ao nível local falha muita coisa”. Paulo Rosa, representante da Câmara da Covilhã no lançamento do livro SOS Crianças, garante que a acção social da autarquia “tem estado atenta a todos os casos de que tem conhecimento e tem tentado dar resposta a todos eles”. Francisco Abrantes estreou-se na escrita em 2002 com o livro “Aventureiro Perdido” e lança agora “SOS Crianças”.
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