Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 363 de 2007-01-16 |
Pequenos em grande
Os Bonecos de Santo Aleixo estiveram no Teatro das Beiras na passada quarta-feira. São marionetas muito pequeninas, mas encheram as cadeiras e escadas da sala-estúdio.
> Diana BentoOs Bonecos de Santo Aleixo voltaram à Covilhã e o Teatro das Beiras encheu, obrigando mesmo alguns espectadores a sentarem-se nas escadas. A pequena dimensão destes bonecos do CENDREV, Centro Dramático de Évora, é inversamente proporcional à sua fama, já que estes “pequenos grandes bonecos” têm percorrido o país sempre com grande sucesso. Os bonecos de Santo Aleixo são marionetas ou títeres tradicionais do Alentejo, cuja origem parece estar na aldeia que lhes deu o nome. Estes títeres de varão, manipulados por cima, à semelhança das grandes marionetas do Sul de Itália e do Norte da Europa, são muito mais pequenos que estes seus primos europeus, tendo apenas 20 a 40 centímetros.
Passando por diferentes mãos e por várias gerações, estes bonecos foram parar a António Talhinhas, camponês de grande poder de improvisação e cantador. Mais tarde, o Centro Cultural de Évora ficou depositário de todo o espólio, e a recolha do repertório iniciou-se com os ensaios de manipulação e elocução. Hoje, os Bonecos de Santo Aleixo, ou melhor, as réplicas dos bonecos são apreciados em todo o país e participam em muitos certames internacionais, desde a nossa vizinha Espanha ao México.
Não é de admirar que fossem muitos os que acorreram a este espectáculo, desde miúdos a graúdos. No final, a satisfação era geral, como refere José Cavaco, docente na UBI. Fernando Sena, director do Teatro das Beiras, não se mostrou surpreendido com a adesão e o agrado dos espectadores. As gargalhadas do público quase parecem fazer parte de uma peça em que a assistência é frequentemente interpelada pelos Bonecos de Santo Aleixo. A “família” que lhes dá vida é constituída apenas por cinco actores profissionais, que garantem a permanência do espectáculo e a continuação desta expressão artística alentejana. Os bonecos originais estão expostos no Teatro Garcia de Resende, enquanto esperam a criação do Museu dos Bonecos, mas as suas réplicas continuam por aí e são dignas de ser vistas.
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