Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 362 de 2007-01-09 |
“Ano novo, vida nova”. O provérbio resume os desafios que interpelam o País. Mas a mentalidade do novo-riquismo que infesta muitos portugueses, está a ser um travão para sairmos do estado da crise a que chegámos.
Ainda agora nos tempos natalícios se registou uma onde de consumismo que não corresponde à situação real do País. E, claro, o endividamento como lepra difícil de extirpar, cresce de forma assustadora.
As viagens para o Brasil e países de águas quentes, esgotaram. O Algarve foi literalmente invadido. As compras atingiram somas nunca vistas.
Em face destas realidades, cava-se uma maior desigualdade entre os portugueses. A pobreza envergonhada aumenta. Salta à evidência que os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. A classe média começa a diluir-se.
Por mais que se diga a retoma da economia já se vê, as sombras ainda estão no horizonte. Daí que todos os analistas sejam unânimes a dizer que há ainda um longo caminho a percorrer. E os mais cépticos afirmam que, se não continuarem as reformas, sem contemplações dos interesses corporativos e dos grupos de pressão, não iremos muito longe. Veja-se o caso de um pequeno país como a Eslovénia que já ultrapassou Portugal com dez anos de pertença à União Europeia.
Assim a aplicação das reformas para conseguir a redução do défice das contas públicas, é condição determinante. E não podemos fugir-lhe sob pena de nunca mais sairmos da cepa torta.
Na zona euro, o consumo privado está a aumentar. O Banco Central Europeu para limitar a inflação daí decorrente tem aumentado os juros. Ora isto é altamente prejudicial para quem se debate com níveis de endividamento elevado, caso dos portugueses. Portanto, impõe-se a poupança o que parece não se verificar. Com o dinheiro mais caro, a vida complica-se.
Uma solução se perfila. É dinamizar o investimento. E aqui não só o Estado tem a palavra mas também os empresários. Na sua mensagem de Ano novo, o Presidente da República incitou-os a isso.
Mas a entrada do investimento do estrangeiro, afigura-se crucial. Então, compete ao Estado suprimir as barreiras da burocracia para facilitar esse investimento, como fizeram outros países. Sem investimento, os negócios vegetam. E a economia adoece. E o País retrocede.
Fala-se muito de competitividade. Mas trata-se de um elemento fundamental para sairmos da crise. E o caminho para sermos competitivos passa pela educação. A valorização dos recursos humanos é a chave do êxito neste campo. Só pessoas devidamente qualificadas podem produzir bens que se imponham nos mercados internacionais.
A consolidação das exportações aparece como um grande desafio numa conjuntura internacional difícil. Mas é uma das vias estruturantes para se alcançarem os objectivos do crescimento e da resolução do défice. A reforma da Função Pública não pode falhar. Acto fundamenta que não pode adiar-se por mais tempo.
Os desafios para 2007 têm de ser encarados com determinação e rigor. E os sacrifícios não podem ser só para alguns. Ou sempre para os mesmos.
Com o Ano novo, a mentalidade tem mudar nos portugueses. Para que haja mais produtividade e consciência da hora que vivemos. Caso contrário corremos o risco de sermos ultrapassados pelos novos países da União Europeia.
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