Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 358 de 2006-12-12 |
Turistrela acusa Parque Natural de travar desenvolvimento
Os responsáveis da Turistrela querem expandir a área esquiável da Estância da Torre mas dizem esbarrar na intransigência do Parque Natural.
> Notícias da CovilhãA empresa concessionária do turismo na Serra da Estrela, Turistrela, responsabilizou o Parque Natural pelo atraso na ampliação da Estância de Esqui da Torre, por demorar demasiado tempo a autorizar projectos de investimento. "O Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) limita o desenvolvimento da Turistrela", disse o administrador da empresa concessionária do turismo no Maciço Central, Artur Costa Pais. "Andei aqui com paninhos quentes, mas estou cansado", acrescentou.
O responsável falava à agência Lusa sobre o estado do projecto de ampliação da estância de esqui da Torre, que prevê novas pistas e substituição dos meios mecânicos (tele-esquis). No entanto, para tal, o PNSE pede um estudo de impacto ambiental. "Apenas queremos substituir postes e cabos, nos mesmos sítios onde já hoje existem, mas temos que esperar por licenças e gastar mais de 35 mil euros num estudo", disse Artur Costa Pais. "Estes senhores do PNSE ainda não perceberam que é preciso turismo para sustentar a região e a Serra da Estrela", sublinha.
Questionado sobre se a situação coloca futuros investimentos em causa, Artur Costa Pais nega que isso aconteça, mas admite que os projectos "avancem de forma mais lenta". "Por este andar, quando todas as licenças estiverem aprovadas já as vizinhas estâncias espanholas que estão à nossa altitude (cerca de dois mil metros) têm mais pistas e recursos. E nessa altura vamos todos para lá fazer esqui", conclui, citando os casos de Bejar (a sul de Salamanca) e Madrid.
O responsável lembrou ao Governo que existe uma "oportunidade de fazer da Serra um grande projecto turístico com a âncora que é a neve", mas alertou que para isso é necessário "multiplicar a área esquiável por quatro". O administrador da Turistrela aponta como meta a construção de 40 a 50 quilómetros de pistas para os próximos anos, com base em pareceres para ampliação dados por técnicos internacionais convidados a visitar a montanha.
Confrontado com as críticas, o director do PNSE, Fernando Matos, referiu que a estrutura está "apenas a fazer cumprir aquilo a que a legislação obriga". "Não impedimos, nem temos qualquer intenção de travar o desenvolvimento desta área", sublinhou. No entanto, "se vai ser feita obra, a lei dos impactos obriga à realização de um estudo. É a lei geral que o diz, nem sequer se trata do plano de ordenamento do PNSE", realça Fernando Matos, referindo-se à substituição dos tele-esquis.
"O Parque não tem nenhum prazer em travar projectos. Nem está em causa a Turistrela, ou qualquer outro promotor", refere. Fernando Matos recorda até que, em 2002, foi criada "uma comissão de acompanhamento dos processos de beneficiação da Estância de Esqui". A comissão incluía o PNSE e outras autoridades regionais, mas acabou por ser extinta "porque a Turistrela não estava a cumprir" com alguns dos trabalhos previstos.
A Estância de Esqui da Serra da Estrela tem 6,2 quilómetros de pistas com um desnível máximo de 137 metros. Quatro tele-esquis e uma telecadeira de quatro lugares garantem uma circulação máxima de três mil e 700 pessoas por hora.
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