Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 353 de 2006-11-07 |
A Caminho de Guantánamo
Uma produção para o grande écran conta a história de três inocentes mantidos em cativeiro no seguimento do 11 de Setembro, por alegado envolvimento com a Al-Qaeda.
> Ana de AlmeidaO final do mês de Outubro ficou marcado por mais uma das iniciativas do Cine Clube da Beira Interior (CCBI). De 26 a 31 de Outubro e a 1 de Novembro, esteve em exibição no Teatro Cine da Covilhã, o filme “A Caminho de Guantánamo” (“Road to Guantánamo”). Vencedor do Urso de Prata de melhor realizador no Festival Internacional de Berlim, este filme de Michael Winterbottom e Mat Whitecross, conta-nos a história vivida por três cidadãos britânicos mantidos em cativeiro na prisão militar americana na Baía de Guantánamo, em Cuba. Durante mais de dois anos, os “Três de Tipton”, como ficaram conhecidos, permaneceram aprisionados ainda que sem qualquer acusação formal. Acabaram por ser libertados depois de ouvidos já numa esquadra londrina.
Baseado em factos reais, e com o recurso a imagens documentais, os realizadores relatam-nos a sequência de eventos que conduz os três jovens a Guantánamo. Aquela que era uma simples viagem para assistir ao casamento de um amigo no Paquistão, acaba por tornar-se numa experiência dramática. Quando começam os bombardeamentos americanos no Afeganistão, decidem dirigir-se ao país para prestar ajuda humanitária. Não satisfeitos com o desenrolar da experiência, tentam voltar à fronteira com o Paquistão. No entanto, são enganados e levados para norte, onde são capturados pela Aliança do Norte, que os leva depois para os Campos X-Ray e Delta, em Guantánamo.
O filme causou um grande impacto, devido à sua posição crítica relativamente aos governos americano e britânico. Traz à tona a crueldade dos abusos e maus tratos das tropas americanas sobre cidadãos de origem muçulmana.
“A Caminho de Guantánamo” denuncia a desumanidade e o desrespeito pela vida e Direitos do Homem. O filme realça ainda o desespero exagerado na procura dos responsáveis pelos acontecimentos do 11 de Setembro.
Dispensando o dramatismo mas recorrendo à dureza da realidade, este filme leva-nos à questão: “até onde iremos em nome da segurança?”.
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