Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 353 de 2006-11-07 |
Fundão reúne argumentos para defender urgências
A comissão criada pela Câmara do Fundão para rebater as justificações do Governo diz que o serviço no Fundão resolve a maioria dos casos que lhe surgem, frisa que mais de metade dos episódios são de idosos e crianças e alega a distância a que vão ficar muitos munícipes. Se a intenção for confirmada, a autarquia pondera convocar uma manifestação popular.
> Notícias da CovilhãCaso as urgências do Fundão encerrem, 11 mil pessoas do concelho vão ficar a mais de meia-hora do serviço na Covilhã. Cinco freguesias passam a demorar mais de 45 minutos a chegar ao hospital e Bogas de Baixo, Bogas de Cima e Janeiro de Cima, mais as respectivas anexas, ficam a mais de uma hora de distância.
Estes são alguns dados preliminares apresentados pela Comissão Permanente criada com vista a rebater os argumentos do Governo para encerrar as urgências no Fundão. O grupo de trabalho, liderado por Neves Costa, director do Centro de Saúde do Fundão, apresentou estes números no fórum promovido sobre o assunto pela Assembleia de Freguesia do Fundão, na passada terça-feira, 24.
Neves Costa frisa ainda que mais de metade dos episódios na urgência fundanense dizem respeito a crianças e idosos, salienta que um em cada quatro habitantes do concelho tem mais de 65 anos e faz referência aos fracos recursos económicos e familiares da maioria dos idosos, que os impede de recorrer a meios de transporte alternativos. E, embora entenda que um serviço se baseie na relação entre a qualidade e o custo, acentua que o mais importante são as pessoas.
A comissão lembra ainda que o serviço do Fundão trabalha em complementaridade, e resolve a maioria dos casos. Apenas seis por cento dos utentes vão à Covilhã fazer exames e no Fundão 800 episódios de urgência por ano resultam em internamento.
Carlos Casteleiro, nomeado pelo Governo socialista administrador do Centro Hospitalar Cova da Beira, a que pertence o Hospital do Fundão, disse que a entidade a que preside recebe 340 a 350 urgências diárias, cem no Fundão, mas acrescentou que há picos em que esse número chega às 500 pessoas. Por isso considera que caso o Governo concretize a intenção de encerrar o serviço no Fundão poderia criar uma sobrecarga para o Hospital da Covilhã. E, segundo o Diário XXI, põe a hipótese de os peritos que elaboraram o estudo para o Ministério da Saúde “não conhecerem a realidade intrínseca do Fundão e de toda a região”.
Num encontro que juntou autarcas, profissionais de saúde ou a delegada da Sub-Região de Saúde de Castelo Branco, Manuel Frexes, presidente da Câmara do Fundão anunciou que o relatório final, assim como um resumo com as principais ideias debatidas no fórum, redigido pela professora Antonieta Garcia, iam ser entregues até final do mês. Para além disso, a autarquia aguarda pela solicitação feita ao ministério da tutela para uma reunião e uma deslocação ao concelho, para dar a conhecer a realidade local.
Se o que está a ser feito não surtir efeito, noticia a Kaminhos, o autarca não descarta a possibilidade de prosseguir a luta nos tribunais e convocar uma manifestação popular.
Há duas semanas, representantes dos 14 municípios que podem vir a ser afectados pela medida, entre os quais um do Fundão, reuniram com os elementos da comissão que elaborou o relatório a recomendar o encerramento das unidade e, segundo Manuel Frexes, os argumentos apresentados foram “bastante frágeis”.
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