Minas da Panasqueira são exemplo nacional

De visita às Minas da Panasqueira, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse que este é o exemplo de que vale a pena investir na produção nacional.

O secretário-geral do PCP classificou na passada semana, as Minas da Panasqueira, no concelho da Covilhã, como "um exemplo do investimento da produção nacional". Jerónimo de Sousa falava à saída de um visita ao interior das minas de volfrâmio, que tinha visitado pela primeira vez há 20 anos atrás. O líder do PCP recordou a época em que era dirigente sindical dos sectores metalúrgico e mineiro, após percorrer nove quilómetros de galerias, dois dos quais a pé. "Já tinha estado numa mina, mas nunca tinha descido a uma profundidade tão grande", destacou, ao alcançar os 180 metros debaixo do solo.
"Esta visita serviu para dar relevo a uma unidade de produção que emprega mais de 300 trabalhadores, numa região muito afectada pelo desemprego, nomeadamente, no sector têxtil", realça. Segundo Jerónimo de Sousa, "as Minas da Panasqueira passaram por dificuldades, que foram superadas, e hoje são o exemplo de que vale a pena investir na produção nacional, no nosso aparelho produtivo". "Não podemos apenas denunciar o que está mal, temos também de incentivar quando é o caso, com esta ideia fundamental de que, sem defesa e modernização do aparelho produtivo, não há soluções económicas que se mantenham de forma solidificada", conclui.
Em 2004, a laboração das Minas da Panasqueira foi suspensa pela administração, que se justificou com os preços mais baixos praticados por minas asiáticas, o que levou à quebra de encomendas, apesar de o volfrâmio da região ser reconhecidamente um dos melhores do mundo. Na altura, segundo a administração, as minas do concelho da Covilhã tinham custos de produção superiores aos preços de mercado.
Entre Fevereiro e Julho de 2004, os salários dos mineiros foram pagos a través do Fundo de Garantia Salarial da Segurança Social e no segundo semestre do ano o preço do volfrâmio subiu, o que tem permitido desde então um crescimento da actividade na Panasqueira.
Segundo Fernando Vitorino, director-geral das Minas da Panasqueira, houve investimentos em nova maquinaria e contratação de trabalhadores, que em dois anos passaram de cerca de 200 para mais de 300.
A produção mensal ronda 120 a 130 toneladas de minério, que é exportada na totalidade para uma fábrica nos Estados Unidos da multinacional alemã Osram, conhecida sobretudo por fabricar lâmpadas de iluminação, cujos filamentos são feitos com tungsténio (outra designação de volfrâmio) da Panasqueira. Como o tungsténio tem o ponto de fusão mais alto de todos os elementos, é utilizado também em resistências eléctricas, ligas de aço e na fabricação de ferramentas.
O contrato de fornecimento exclusivo para aquela empresa dura até 2010, garantindo o escoamento do minério até essa altura.
Depois, Fernando Vitorino acredita que, com o crescente consumo interno dos mercados asiáticos, nomeadamente na Índia e China, "haverá espaço, no futuro, para as Minas da Panasqueira. Possivelmente até para fornecer esses mercados".