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> <strong>José Geraldes</strong><br />

Exigências em dia de aniversário

> José Geraldes

1. A Covilhã comemora mais um aniversário de elevação a cidade. Trata-se de uma data justamente todos os anos assinalada pela Câmara Municipal com homenagens a naturais do concelho que se tenham distinguido numa área determinada, realização de actividades culturais e inaugurações de novos melhoramentos.
A comemoração do aniversário ressalta o lugar da Covilhã no desenvolvimento regional, quer pela tradicional indústria de lanifícios quer pela Universidade da Beira Interior, quer pela área de influência do Hospital e pelo Parkurbis. É também uma janela de oportunidade para reivindicar do Governo, com mais veemência, a resposta a carências ainda existentes.
Neste ponto, não devia haver dissonâncias entre as diversas forças partidárias. Não se pretende que se crie um unanimismo que elimine o diálogo, pois a democracia pela sua natureza pressupõe pontos de vista diferentes. E cada partido político tem a sua estratégia própria. E a sua visão do mundo.
Mas um “pacto” sobre o que o haveria a exigir do Poder central para o melhor futuro da Covilhã só traria benefícios para a cidade e mesmo para a Região. E nenhuma força partidária sairia diminuída deste pacto. Pelo contrário. A população veria com bons olhos a iniciativa.
O que está em causa é o bem comum, ou seja, o bem da Covilhã e do concelho.
Se a nível nacional a assinatura de um pacto é possível, não se descortinam razões para que não possa também existir um a nível do concelho. O velho ditado lá diz que “a união faz a força”. Basta haver vontade política. E quem não quer que a Covilhã se afirme cada vez mais como pólo de desenvolvimento regional?
O IC6, via rápida para Coimbra, não pode deixar de merecer o apoio de todos os quadrantes políticos. E, no mesmo plano, os túneis da Serra da Estrela.
Não se compreende, para lá da contenção orçamental, que o IC6, não mereça a consideração do Governo, parecendo adiado para as calendas gregas. Ainda, há pouco tempo, o próprio Presidente da Câmara de Coimbra lembrava a urgência desta via.
No aniversário da Covilhã – cidade, o IC6 é uma exigência a lembrar para que o Governo não esqueça.
2. O Nobel da Paz não podia ter sido melhor atribuído. Habitualmente é concedido a alguém que se notabilizou a dirimir conflitos. Este ano, a Academia Sueca escolheu uma personalidade que luta contra pobreza. Quando se comemorou em 2005 o Ano Internacional do Microcrédito, falámos nesta coluna de Muhammad Yunus e da intuição genial que o levou a criar o banco Grameen (Banco Rural), no Bangladesh.
Um empréstimo de apenas 21 euros a 42 mulheres artesãs de peças de bambu, confiando apenas na sua palavra e com a condição de não serem para consumo, deu origem ao microcrédito.
No mundo já beneficiaram deste microcrédito 500 milhões de pessoas para criarem o seu negócio.
Em Portugal, já foram concedidos 615 empréstimos que deram origem a 711 postos de trabalho.
Muhammad Yunus aplicou o velho princípio de em vez de dar o peixe, ensinar a pescar. Passados 30 anos, comprova-se que a iniciativa estava certa. O Papa Paulo VI dissera que o desenvolvimento é o novo nome da paz. Yunus claramente o demonstrou.


Data de publicação: 2006-10-24 00:00:09
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