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Ligar cidades

> Anabela Gradim

Se há tema em que a cidade da Covilhã precisa de reflectir e planear são os seus transportes urbanos. O evento Connected Cities em curso na UBI constitui por isso uma excelente oportunidade para, em conjunto com os responsáveis autárquicos, trazer o assunto à ordem do dia.
"Connected Cities" é uma rede europeia que visa melhorar a mobilidade urbana e rural, de forma sustentada – algo que, no interior do País, bem poderia ser melhorado. Os transportes públicos na cidade não são bons, e além disso são caros, fazendo com que seja muito mais prático e económico, mas bem pouco ecológico, recorrer ao automóvel próprio para os pequenos percursos diários.
Os autocarros urbanos que servem a Covilhã são antigos – para usar um eufemismo – pouco confortáveis, e muito poluentes. Estão, além disso, desadequados relativamente às características da cidade, de ruas estreitas e muitas vezes com grande inclinação.
Para rematar um quadro já pouco apetecível – são caros. Um bilhete para circular uma vez na cidade custa perto de um euro. No Porto pode atravessar-se a cidade de uma ponta à outra por 75 cêntimos; pelo mesmo preço, andar pelos concelhos limítrofes pertencentes à área metropolitana (embora com algumas limitações de distância); ou ir de metro até Gaia por 85 cêntimos. Por 22 euros pode-se comprar um passe para circular em toda a cidade, e se se for estudante ou reformado, passeia-se por metade disso.
E o quadro não melhora se for analisado do ponto de vista da ligação aos pólos urbanos vizinhos. Para além da escassez de veículos em circulação, que tornam os horários desadequados para uma utilização diária, os preços são proibitivos. Um bilhete de camioneta da Covilhã para o Ginjal, Fundão ou Guarda custa 4 euros. Já no Porto, utilizando a CP, é possível ir até à Trofa (29km), Paços de Ferreira (30km) ou Penafiel (38 km) por 1,60 euros. Uma utilização diária e intensiva sai ainda mais barata, pois há passes combinados entre os STCP e operadores de camionagem particulares, ou entre os STCP e a CP (34 euros) que permitem a utilização combinada e ilimitada de comboios e autocarros entre a cidade e as dos arredores. Mas a única solução para quem resida na Covilhã e trabalhe nas cidades limítrofes está à vista: transporte próprio.
É claro que a inexistência de uma rede de transportes públicos é um excelente, um excelentíssimo argumento para defender a gratuitidade da A25, mas a Beira Interior passaria bem sem ele, se em troca recebesse um serviço de transportes condigno.
Ora, quando um serviço não é lá muito bom, é fácil de melhorar. Ultrapassar o excelente é muito mais complicado. E é evidente que uma cidade média como a Covilhã não pode esperar obter o mesmo nível de financiamento que uma grande para resolver o seu problema de transportes urbanos. Mas pequeno também pode ser bom – e uma vantagem competitiva. Há muito menos gente para transportar, e as distâncias também são, ou menores, ou percorrem-se em muito menos tempo. É que no actual quadro, desistir de ter carro na Beira Interior não é uma opção muito racional, mas todos ganhariam se ela pudesse ser feita sem tantos custos.

> g-travasso @ hotmail . com em 2006-10-16 20:38:01
Tenho de concordar em absoluto com o texto, uma cidade do interior como a Covilhã não se pode dar ao luxo de ter uma rede de transportes urbanos que não sirva os reais interesses dos cidadãos, onde, cada vez mais a desertificação do interior é uma realidae. E por estas pequenas grandes coisas que devemos começar, há que tornar a cidade atractiva de todos os pontos. É inadmissível que uma viajem para o Teixoso, p.e., custe cerca de €1,50, e que o último autocarro para Verdelhos, a partir da Covilhã, seja às 18h00m. Vamos ver se, como foi noticiado na imprensa há uns tempos, a Câmara da Covilhã abrirá um novo concurso para a rede de transportes urbanos. Espero que sim e que a mudança seja para bem melhor.


Data de publicação: 2006-10-10 11:56:09
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