Páginas de história

Um doutoramento na área da Sociologia, apresentado na UBI, assinala mais um passo no estudo da longa história entre Portugal e Angola. O trabalho da autoria de Arlindo Barbeitos analisa as políticas do Estado Novo para com uma das suas mais importantes metrópoles.

O sotaque angolano não deixa margens para dúvidas, no que respeita à naturalidade de Arlindo Barbeitos. Combatente, contador de histórias, mas também estudioso e pensador da relação entre Portugal e Angola. É através de vários anos de estudo e das suas experiências de vida que chega agora a tese de doutoramento intitulada “Portugal e Angola: representações de Si e de Outrem ou O Jogo Equívoco das Identidades”. Um estudo académico apresentado na UBI, ao qual foi acrescentado também um outro documento intitulado “Sociedade Estado: Sociedade Civil, Cidadão e Identidade em Angola”.
Na perspectiva de Arlindo do Carmo Pires Barbeitos, autor deste doutoramento em Sociologia, a obra “analisa, entre outros, o discurso político que acompanhava o Estado Novo, na época do colonialismo português”. As relações entre os dois países, a guerra colonial, a construção da identidade angolana sob o olhar atento de quem mantinha um regime político no país, são assuntos abordados neste estudo.
Na segunda parte da tese incide-se particularmente no colonialismo moderno, nomeadamente, o Estado Novo. Esta tese revela uma relação muito directa e muito maior do que aquela que os historiadores muitas vezes pensam entre as colónias e a metrópole. “Se a ex-metrópole ajudou ou contribuiu para formar as ex-colónias, estas não deixaram também de fazer o mesmo”, garante Arlindo Barbeitos. O mesmo estudioso recorda ainda que a relação entre países com uma ligação tão profunda, mas tão complexa, como é o caso de Portugal e Angola, “são sempre difíceis e têm de ser muito bem pensadas”, isso nem sempre acontece, nem de um lado, nem do outro. É nesse sentido, “que esta tese contribui, pelo lado angolano, a pensá-las”.Este estudo foi aprovado por um júri constituído por Adelino Augusto Torres Guimarães, professor catedrático do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa, Manuel Laranjeira Rodrigues de Areia, professor catedrático da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, José Carlos Gaspar Venâncio, professor catedrático da Universidade da Beira Interior, Maria Johanna Christina Schouten, professora associada da Universidade da Beira Interior, Eduardo Maria Costa Dias Martins, professor auxiliar do Instituto de Ciências do Trabalho e da Empresa, José Fernando Bessa Ribeiro, professor auxiliar da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Victor Kajibanga, professor titular da Universidade Agostinho Neto, Luanda, José Octávio Serra Van-Dúmen, professor associado da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto, Luanda e Elikia M’Bokolo, director d’Estudes de l’Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, Paris.