Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 347 de 2006-09-26 |
Venda a privados de parte da Águas da Covilhã até final do ano
A venda de 49 por cento da empresa a privados deve estar concluída até final do ano. A autarquia diz haver muitos interessados. A oposição não concorda com o negócio e acredita que a factura de água dos covilhanenses vai aumentar
> Notícias da CovilhãAté final do ano a venda de 49 por cento da empresa municipal Águas da Covilhã deve estar concretizada, segundo o presidente da autarquia, Carlos Pinto. O prazo para a entrega de candidaturas termina a 18 de Outubro e o edil adianta que há muitos interessados.
Entretanto, a alienação de parte do capital da empresa, que nasceu do desmembramento dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS), foi fortemente criticada pela oposição na última Assembleia Municipal, realizada na passada sexta-feira, 15, embora o assunto não constasse da ordem de trabalhos.
Socialistas, comunistas e bloquistas insurgiram-se contra a intenção do executivo e Jorge Fael, da CDU, chegou mesmo a apresentar uma moção contra a “privatização”, apoiada por PS e Bloco de Esquerda, que chumbou com o voto da maioria PSD. Embora Carlos Pinto, durante a reunião magna municipal, não se tenha pronunciado sobre esta matéria. Falou apenas aos jornalistas, no final, dos prazos do processo.
“Primeiro vamos apreciar os currículos dos concorrentes. Quem passar tem a possibilidade de fazer propostas de estratégia e preços. Depois há uma terceira fase em que veremos até onde vão as propostas e quais as características de cada grupo, empresa ou consórcio no âmbito do sector”, explicou.
Oposição preocupada com alienação
O socialista Hélio Fazendeiro entende que há falta de seriedade no processo, já que o negócio não constava do programa eleitoral da maioria e “agora avança sem qualquer discussão pública e sem que se saibam quais os fundamentos de qualidade ou gestão que o justificam”. “Porque é que há um ano não era importante e agora passou a ser”?, questiona.
Hélio Fazendeiro acrescenta que neste contexto, já que o assunto “nunca foi a sufrágio” por não constar no programa eleitoral, faz sentido que o movimento cívico constituído a semana passado na Covilhã peça a realização de um referendo.
Jorge Fael acha “reprovável” que a Assembleia Municipal não tenha sido ouvida sobre a abertura do concurso, acredita que a “curto ou média prazo significará novo aumento dos preços” e que os privados visam apenas o lucro, pelo que o reinvestimento no sector não está garantido.
“É hoje claro como a água que a criação da Empresa Municipal, bem como os sucessivos aumentos do tarifário, visaram dar uma nova fatiota e engordar a galinha para torná-la mais apetitosa”, frisou o comunista. E alerta que um privado “só estará interessado no negócio se o puder tratar como outro negócio qualquer”.
A Águas da Covilhã foi criada em Abril deste ano a partir da transformação dos SMAS e emprega cerca de 200 trabalhadores. Para além dos serviços de água e saneamento a empresa municipal trata ainda da recolha de resíduos sólidos, limpeza e tratamento de parques e jardins.
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