Fundão prepara-se para maratona de cinema e música

Faltam pouco mais de 15 dias para o arranque da sétima edição do IMAGO. O Festival decorre de 30 de Setembro a 8 de Outubro e será o primeiro “teste” ao mais recente equipamento da Câmara do Fundão: a Casa da Moagem

A pouco mais de duas semanas do início, a sétima edição do IMAGO está pronta a arrancar. O Festival Internacional de Cinema Jovem, que o Fundão acolheu há três anos – entre 1998 e 2002 realizou-se na Covilhã –, vai ter início no próximo dia 30, sábado, e o programa definitivo já foi apresentado. Até 8 de Outubro, uma semana de animação à base de cinema e música promete deliciar cinéfilos e melómanos de todo o País, mas também dos quatro cantos do mundo. É que, segundo os últimos dados da organização, nunca o Festival teve tantas solicitações de outros países, quer em número de inscrições de curtas-metragens, quer em pedidos de acreditação.
Mas nem tudo são boas notícias para os aficionados, já que, à última hora, o evento conta três baixas importantes. No domínio do cinema, o realizador Alejandro Jodorowsky – um dos convidados de honra nesta edição e que iria fazer parte do Júri – cancelou a sua participação por motivos de ordem pessoal. No campo da música há a lamentar o cancelamento dos espectáculos de Jens Lekman, e dos Pop Dell’Arte. O sueco não vai poder deslocar-se à Cova da Beira devido à gravação do seu primeiro álbum de originais, enquanto o colectivo português – cujo concerto era um dos mais aguardados do certame – não poderá actuar devido a dificuldades de produção do espectáculo que se prendem com o espaço onde estava previsto ser realizado.
As três baixas não vão ser substituídas uma vez que aconteceram muito em cima da hora mas, ainda assim, Pedro Ramos, da Cooperativa Cinema Jovem, assegura que este tem tudo para ser o melhor festival de sempre, até porque conta com inúmeros eventos paralelos, como as master classes, e com um reforço de nomes na “Sound & Vision Experience – outra das secções do Festival, para além da Selecção Oficial e do Heineken Open Space.

Mil e 500 inscrições
Com um orçamento de cerca de 200 mil euros – 50 mil dos quais comparticipados pela Câmara do Fundão – esta vai ser a mais internacional de todas as edições do festival. Até ao fecho das inscrições, a organização havia registado quase mil e 500 pedidos. Um número recorde que significa, em relação a 2005, um aumento de 50 por cento. Um sinal, defende Paulo Fernandes, vereador com o Pelouro da Cultura na autarquia fundanense, “de que o IMAGO está a conquistar o seu espaço na Europa e no Mundo, depois de se ter afirmado em território nacional”. A comprovar a teoria do responsável autárquico está a recente parceria entre a organização do certame beirão e a do Festival de Cannes, onde, em 2007, se deslocará um dos elementos do “Júri Jovem” deste ano, para representar Portugal.
No que toca à programação, e para além dos 46 filmes em competição, o destaque vai para uma restrospectiva dos primeiros filmes de Clint Eastwood enquanto realizador, para uma prospectiva sobre o jovem realizador belga Nicolas Provost, e para os trabalhos de Dave McKean e Alejandro Jodorowsky.
No que toca a música os visitantes podem assistir a várias sessões de VJ e djiing, este ano com uma forte componente sueca e com o regresso de Andy Votel, entre outros nomes da electrónica actual.
Realce ainda para outra actividade paralela promovida pela organização e completamente gratuita: todas as noites, a partir das 21 horas e 30, será projectado um documentário musical. Um ciclo que tem início logo no sábado, 30, com a exibição de “Stop Making Sense”, de Jonathan Demme; um documentário/concerto realizado em 1984 que tem como personagens principais os Talking Heads. Pelo meio, e entre outros, pode ser visto um filme sobre o Festival de Benicàssin (Espanha) intitulado “Zoom – FIB Documental” (2005), de Bernat Lliteras e Pirra Lorenzo, “Standing in The Shadows of Motown” (2002), de Paul Justman, e “Radiohead – OK Computer – A Classic Álbum Under Review” (2006).

Moagem acolhe as três vertentes do Festival
Um dos trunfos da edição 2006 vai ser o recinto onde terá lugar o certame: a antiga Casa da Moagem. Um edifício completamente remodelado que, ainda que não esteja a 100 por cento, vai albergar todas as vertentes do evento nas várias salas disponíveis, ao contrário do que aconteceu nas duas últimas edições, em que o Festival se repartiu entre o Pavilhão Multiusos, o Casino Fundanense e o English Club. O facto de todas as actividades – com a óbvia excepção do segundo jogo de futebol entre a equipa do IMAGO e uma outra constituída por convidados e jornalistas – se realizarem no mesmo espaço vai permitir que se realizem várias actividades em simultâneo entre as 10 horas e as 5 da madrugada. Assim, ao mesmo tempo, estarão a decorrer as projecções da Selecção Oficial no Auditório – espaço nobre da Moagem – bem como as actividades do “Open Space”, no Lounge do terceiro piso.
Esta vai ser a primeira vez que a recém restaurada Casa da Moagem recebe um evento, e, na opinião de Paulo Fernandes, “será um bom teste ao equipamento”.