Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 345 de 2006-09-12 |
A indisciplina tomou conta de muitas escolas e é justamente um dos temas da comunicação social no início do novo ano lectivo. É um problema grave, não só do ponto de vista de uma política de ensino, mas também de um ponto de vista social. Os alunos de estratos sociais mais altos tenderão a frequentar as escolas onde esses problemas não se colocam, nomeadamente colégios particulares. As crianças de estratos sociais mais baixos, sobretudo nas periferias dos grandes centros, ver-se-ão compelidas a frequentar escolas públicas onde a indisciplina e mesmo violência são o pão nosso de cada dia. É um problema muito grave. O fosso social abrir-se-á ainda mais, com os ricos frequentando um ensino de primeira qualidade e os pobres remetidos para escolas de violência.
A educação deveria ser, e é por princípio, um meio de igualização cultural e social. É pela educação que filhos de gente pobre singram na vida e sobem na escala social, e é muitas vezes pela falta de formação académica que filhos de gente rica descem nessa mesma escala. Esse meio de equilíbrio social, porém, funciona se a escola for um local de disciplina, onde se trabalha, se estuda, ensina e aprende. A disciplina é uma condição fundamental para o bom funcionamento da escola, para que haja um clima propício ao estudo. Em si a disciplina pode valer de pouco, mas como meio, como virtude segunda, é de crucial importância para a prossecução de fins bons em si mesmos, como a liberdade e a igualdade de oportunidades.
A disciplina é um valor que necessariamente tem de ser cultivado nas escolas. Ignorar isso, desculpar por razões psicológicas e sociais a indisciplina, é condenar o ensino ao fracasso.
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