Professores contestam colocações

Três dezenas de professores do 1º ciclo de Castelo Branco, com mais de 20 anos de serviço, contestam a colocação de que foram alvo, acusando o Ministério da Educação de desrespeitar a lista nacional de ordenação de docentes.

"Agora, professores menos graduados (com menos anos de serviço) terão acesso a vagas que, na altura, não foram disponibilizadas", disse à Agência Lusa Manuel Nunes, porta-voz dos contestatários. Criticou, nomeadamente, que os professores mais graduados, "regra geral com mais de 20 anos de serviço, tenham tido acesso a um número "muito limitado de vagas" e sejam colocados "muitas dezenas de quilómetros mais longe do que seria legítimo esperar". Segundo o grupo de contestatários, que afirmam não ser representados por qualquer sindicato, as colocações apresentadas pelo ME em meados de Agosto foram elaboradas "sem que estivessem apuradas todas as vagas".
O grupo, que integra professores do primeiro ciclo do Quadro da Zona Pedagógica de Castelo Branco - que engloba aquele distrito e ainda o concelho de Mação (Santarém) -, frisa ainda que o "compromisso" do Ministério da Educação em respeitar a lista nacional de ordenação "não foi cumprido". "Para que esse respeito seja real é imprescindível que exista apenas um momento de colocações, no qual terão que estar apuradas todas as vagas indispensáveis ao bom funcionamento dos estabelecimentos de ensino. Esta condição não foi satisfeita", contestam. Acusam a tutela de ter querido "exibir-se, dizendo que tinha feito história" apresentando colocações em meados de Agosto, "o que realmente é inédito", disse Manuel Nunes.
"Agora falta colocar quase nove mil professores e o Ministério optou por uma solução que, na prática, funciona como um segundo concurso de afectação que vai desvirtuar toda a lista graduada. Professores menos graduados terão acesso a vagas que não nos foram disponibilizadas", disse.
Segundo dados avançados pelo grupo de docentes, em 2005, no final de Agosto foram colocados 70 por cento dos 339 professores candidatos. Em 2006, no mesmo período, foram colocados "apenas 47 por cento dos 334 professores a concurso", alegam. Para Manuel Nunes, é necessário "desmistificar o problema" dos professores que estão por colocar. "O problema não é os que estão por colocar, mas sim os que estão mal colocados pelo Ministério da Educação, que quis brilhar junto da opinião pública, errou e não quer assumir o erro", lamentou. Considerando que "ainda há tempo de ser reposta a justiça", estes docentes pretendem ser autorizados a candidatarem-se às vagas "agora postas a concurso, respeitando a lista nacional de ordenação", tendo enviado terça-feira à ministra da Educação um abaixo-assinado nesse sentido. A Agência Lusa tentou obter, sem sucesso, uma reacção do Ministério da Educação às acusações dos professores e ao pedido expresso no abaixo-assinado.