Sinistralidade rodoviária infantil é “realidade chocante”

O ministro António Costa, de visita ao distrito, lamenta as centenas de mortes registadas em crianças nas estradas portuguesas. Quanto ao contestado anúncio que passa na televisão, diz não ser técnico de publicidade

O ministro da Administração Interna defendeu na passada sexta-feira, 4, em Castelo Branco, que o País deve ter noção da "realidade chocante" da sinistralidade rodoviária infantil, em resposta às críticas contra a campanha desenvolvida pelo seu ministério com a Galp Energia. "O que acho verdadeiramente chocante é a realidade da sinistralidade, com centenas de crianças que morrem anualmente nas estradas portuguesas fruto do excesso de velocidade", diz António Costa.
A campanha publicitária de prevenção da sinistralidade rodoviária está em divulgação desde 28 de Julho na televisão, na rádio, em outdoors e nos 800 postos nacionais da Galp, sob o tema "Todos os anos a velocidade nas estradas vitima um avião cheio de crianças". O director da Prevenção Rodoviária Portuguesa criticou o anúncio nas rádios e televisões, considerando o avião "um exemplo muito infeliz", porque não faz sentido "comparar o transporte aéreo, o mais seguro do mundo, com o sistema rodoviário". De acordo com o anúncio, em Portugal todos os anos morrem 300 crianças, número que para o director-geral é "um exagero". "Em 2004 morreram 42 crianças (dos zero aos 14 anos) vítimas de acidentes de viação, enquanto que em 2005 o valor baixou para 25 vítimas mortais", refere. Vários sindicatos ligados à aviação já pediram o cancelamento da campanha e a TAP fez um protesto formal junto do Ministério da Administração Interna.
Confrontado com as críticas, o ministro da Administração Interna disse não ser "técnico de publicidade" para "comentar anúncios", mas frisou que "verdadeiramente chocante é a realidade da sinistralidade". Questionado sobre se as críticas vão levar a alguma mudança na campanha , António Costa negou tal possibilidade. "A nossa preocupação tem a ver com a realidade e o que é importante é que as pessoas tenham noção de como a realidade é chocante. Isso é que deve ser o centro das nossas preocupações", concluiu.