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> <strong>João Canavilhas</strong><br />

Licenciado em quê?

> João Canavilhas

A candidatura ao Ensino Superior é um momento importante pelo que é normal os candidatos sentirem um certo nervosismo na hora de escolher o curso em que pretendem ingressar. Uma boa forma de aliviar a tensão é consultar a listagem de licenciaturas disponíveis no Guia de Candidatura e soltar sonoras gargalhadas quando se descobre que existem cursos como Guias da Natureza, Técnicos Superiores de Justiça, Turismo, Lazer e Património, Arquitectura de Design de Moda, Negócios Internacionais, Tecnologia Veterinária, Enfermagem Veterinária, Equinicultura, Ecoturismo ou Educação e Intervenção Comunitária.

Em Portugal existem 825 designações de cursos quando o normal seria uma centena. Na área de Engenharias, por exemplo, a oferta chega às 133 designações, embora a Ordem dos Engenheiros apenas tenha 12 colégios de especialidade. Outra área onde se verificou o milagre da multiplicação dos cursos é a de Gestão e Administração, onde as três ou quatro designações tradicionais deram origem às actuais 111.

Numa luta desesperada pela captação de alunos, as escolas inventam designações onde os termos saúde, comunicação, tecnologias, informática ou design são combinados de forma mais ou menos habilidosa. Muitos destes cursos são criados com o objectivo de salvar as escolas, não interessando minimamente se existe corpo docente adequado ou área científica associada. O que importa é atrair meia dúzia de incautos, ainda que a “licenciatura” oferecida se resuma ao treino de algumas habilidades.

Recordo-me de ter ouvido o professor Adriano Moreira dizer que uma licenciatura é apenas uma licença para estudar sozinho. Embora na altura me tenha parecido uma simplificação exagerada, hoje estou de acordo. Efectivamente, a licenciatura não deve ser vista como uma autorização profissional definitiva, mas apenas como uma etapa intermédia conducente à especialização numa área específica.

Portugal devia ter aproveitado a reestruturação em curso para reorganizar a oferta formativa do Ensino Superior num primeiro ciclo com um número reduzido de licenciaturas de banda larga e um segundo ciclo com uma vasta oferta de pós-graduações. Enquanto isto não acontecer, a face mais visível da inovação introduzida pelo Ensino Superior serão os nomes dos cursos e não as patentes registadas ou a investigação produzida.

 

> a18456 @ ubi . pt em 2006-09-07 21:44:42
Efectivamente verifica-se neste País uma proliferação de cursos que na verdade de pouco ou nada servem aos seus titulares. Claro que a minha opinião é minha e para nada conta mas o que me apercebo, e eu gosto de dar atenção a tudos e todos quantos me rodeiam, é que se criou a ideia de que é indispensável um curso superior "para se ser alguém na vida". Na verdade não posso estar mais em desacordo, penso que para que alguém se sinta "alguém" não vale a pena lutar, o importante, quanto a mim é que alguém se sinta Alguém e só vejo uma maneira de lá chegar, é cada um seguir a carreira que gosta, Médico ou Maqueiro, que mais dá? Eu gosto do meu trabalho, logo, dispendo muito menos esforço intelectual e físico para o executar que aqueles que não gostam, eu gosto de estudar, estou no curso que sempre desejei, logo, estudo com prazer. Não creio que o mais importante sejam as notas elevadíssimas para entrar em Medicina, quando afinal posso vir a ser o "Sê Doitor", mas não tenho a mínima vontade de levantar a meio da noite só porque um dos meus doentes piorou, provavelmente eu até seria mais feliz se fôsse Arquitecto, mas porque hei-de ser Professor se não tenho paciência para aturar esta juventude? Eu até gostava mais de ser Engenheiro Informático! Pois é! As matrículas estão aí e (eu) tenho que me sujeitar ao curso para onde consigo entrada, bem..., não é bem aquilo que eu queria mas a média não deu para mais..., tenho que me sujeitar! De uma coisa tenho a certeza, é que não sei se virei a ser um bom profissional, aliás, nem sei se conseguirei emprego após o fim do curso mas pronto..., como eu há mais, este País está assim, que havemos de fazer? Não, não é o País que está assim, eu é que estou assim, pois, quando eu deixar de estar assim o País estará diferente. Vamos jovens, lutemos pelo que queremos realmente, e não nos sujeitemos ao "do mal o menos", sempre é melhor que não entrar, lutemos, não foi este ano mas de certeza que vou entrar no próximo, sei o que quero e vou esforçar-me o máximo para conseguir. Vamos lá pais e mães deste País, se o nosso filho quizer mesmo fazer um curso universitário empenhemo-nos e passemos fome se necessário para o ajudar, mas se quizer ser serralheiro deixêmo-lo ser, acima de tudo, o que mais importa é que cada um de nós seja feliz, e não sendo o único factor, é sem dúvida um factor muito importante para o alcance da felicidade, que cada um de nós faça o que realmente gosta de fazer para que sintamos que realmente somos ALGUÉM e para que quando nos perguntarem "Licenciado em quê?", o nosso sorriso, o brilho dos nossos olhos dêem a resposta se necessidade de recurso a palavras. Ilda Vaz Pinto Ilda Vaz Pinto


Data de publicação: 2006-07-25 00:14:21
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