Em tempos idos, as pessoas abriam as portas de suas casas ao público para que se contemplasse os presépios e se prestasse homenagem ao “menino nas palhas estendido”, Jesus Cristo. 

Graça Santos, ou Gracinha, como é mais conhecida em Armação de Pêra, lamenta "não saber bem os anos nestas lides”. Este ano instalou-se numa loja no coração da vila. Católica devota, conta com ajuda da junta de freguesia, que lhe cede uma carrinha para o transporte das peças, e ainda com os proprietários de lojas que lhe cedem o espaço necessário para a instalação.

Na hora de deitar mão ao trabalho, Gracinha fica sozinha, embrenhada nos seus pensamentos, procurando formas de acrescentar algo ao trabalho de anos anteriores. É um presépio feito ao pormenor, diferente do tradicional presépio "serrenho", tipicamente feito em escadaria. “Cada um faz à sua maneira, mas eu faço como quem vê uma fotografia e uma paisagem e umas pequenas coisas que eu penso que existiam”, explica a autora. É o caso dos moinhos, dos pastores, das freiras, dos cursos de água artificiais e ainda dos reis magos com as ofertas para o recém-nascido Jesus. Para Gracinha, montar o presépio “é um pequeno sinal da quadra" e , não obstante a devoção, diz também gostar de participar no Carnaval.

Lá fora, do outro lado da vidraça, os transeuntes passam, param e observam a moldura natalícia iluminada por fileiras de luzes que atravessam a extensão do presépio. Até ao dia de Reis, que para os católicos é assinalado a 6 de Janeiro, é possível visitar este e outros presépios na região.