Testar o comportamento dos atores sociais, nomeadamente os políticos, nas novas plataformas de comunicação, é o objetivo central do trabalho de Eva Dominguez. A docente e investigadora da Universidade de Valladolid esteve na Covilhã para tomar contato com as atividades que são desenvolvidas no Laboratório de Comunicação e Conteúdos Online (Labcom).
Dominguez apresentou, no âmbito de um seminário científico, algumas das suas mais recentes pesquisas e explicou que a oportunidade de vir até Portugal conhecer o trabalho que está a ser desenvolvido na Universidade da Beira Interior “surgiu através do professor João Canavilhas. É um docente muito reputado em Espanha e tenho acompanhado com muita atenção os seus projetos de comunicação em internet e webjornalismo. Fiquei a conhecer algumas linhas de investigação e alguns artigos e acabei por ter interesse em vir conhecer o trabalho de perto”.
Esta deslocação surge também no sentido de criar vínculos académicos e de investigação entre as duas instituições. No âmbito dos trabalhos elaborados por Eva Campos Dominguez, “a linha mestra é sem dúvida o webjornalismo”. A docente explica ainda que “o principal enfoque nesta temática é o da comunicação política na Internet. O grupo de investigação, do qual faço parte, inclui investigadores de diferentes universidades espanholas e de diversas áreas. O que fazemos é analisar como comunicam os políticos e os agentes sociais e sobretudo, como estão a ser feitas as campanhas na Internet, em Espanha”.
Na apresentação realizada na academia portuguesa, a investigadora sublinhou que “até aqui temos visto que existe um avanço progressivo. Os políticos deram-se conta de que a Internet é um novo meio e é necessário ter aí presença. O passo seguinte é verificar que estamos perante um novo meio de comunicação que requer uma atuação distinta daquela que é utilizada nos meios tradicionais. Alguns políticos já verificaram isso e estão a comunicar adequadamente, mas a maioria ainda não o faz e considera que as formas adequadas para comunicar na Internet são as formas que se aplicam, por exemplo, na televisão, que é uma comunicação mais dirigida a uma massa uniforme e não a cidadãos ativos que podem marcar presença de forma individual, ou que se organizam em coletivo”.
Estas novas formas de organização e de comunicação dos cidadãos têm assim despertado a atenção dos académicos, no caso espanhol, em duas correntes de observação. “Uma que defende que temos de analisar estes movimentos e como agem e se organizam e uma outra, algo mais prudente, que prefere aguardar”, diz Eva Dominguez. Depois desta iniciativa, projetos e investigações transfronteiriças devem surgir entretanto.