A escrita e a Língua Portuguesa estiveram em destaque
A poeticidade de um texto
No reino das palavras

Maria de Lurdes Barata, do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), veio até à UBI para dar uma aula aberta de didáctica de português. Tendo como ponto de partida o tema “Texto Poético – Recepção e Produção”, explica a forma como a poesia vive da palavra.


Por Cátia Felício

“Não tenhas medo, ouve: é um poema. Um misto de oração e de feitiço...” Miguel Torga escreveu estas palavras no “Diário XIII”, na década de 80. Maria de Lurdes Barata aproveitou este poema do autor português e leu-o em voz alta como forma de iniciar a aula aberta de didáctica de português, do passado dia 23. A professora licenciada em Filologia Românica explica que o poema de Miguel Torga é uma “analogia da poesia”.
A iniciativa partiu do Departamento de Letras da UBI e decorreu na sala 1.04, onde a maioria da assistência era composta por alunos que frequentam a licenciatura de Língua e Cultura Portuguesas.
Salientando a experiência que adquiriu em vários graus de ensino, questiona: ”é possível levar os alunos do segundo ciclo a escrever um poema?”. Como conselho aos “futuros professores” diz que deve escolher-se um texto de que se gosta para levar até aos alunos, despertando-lhes assim o gosto pelos poemas. Sugere ainda jogos fonéticos como forma de atrair os alunos para o mundo da poeticidade.
De acordo com a professora, a palavra está na poesia e “A poesia vive da palavra. Ela está no reino das palavras”. Com experiência nas áreas de literatura e linguística, diz ainda que a expressividade deve ser treinada com a leitura em voz alta. E confessa que “quanto mais lemos um texto, mais o interiorizamos”.
Através da poesia, diz Maria de Lurdes Barata, “podemos também reflectir sobre a vida e daí fazer uma melhor reflexão da língua”. Após esclarecer que a recepção do texto implica leitura e análise, diz ainda que “quando o texto começa a dialogar connosco é que entramos na verdadeira leitura”.
No ensino, Maria de Lurdes Barata defende também o desenvolvimento da criatividade dos alunos e apela ao prazer do texto. “Primeiro temos que ir à emoção que o texto estruturado nos dá e é isto que é preciso para conquistar os alunos”, conclui.