Iniciativa com números positivos
Recolha de resíduos farmacêuticos
está a aumentar

A recolha de medicamentos fora de uso está a aumentar em Portugal. Segundo a Valormed, há hoje uma maior consciencialização das pessoas para o problema. Ainda assim, no Interior do País, os números podiam ser melhores.


NC/Urbi et Orbi


Segundo a Valormed, a recolha de medicamentos fora de prazo está a aumentar

“Os meios urbanos no Litoral estão mais sensibilizados para as questões ambientais que os do Interior do País”. A afirmação é de José Carapeto, director-geral da Valormed, que avança a uma explicação para o fenómeno: “no Interior do País o convívio com a natureza é mais habitual e, normalmente, as preocupações ambientais são menores porque ainda não se nota a agressão da poluição”.
O responsável da empresa de recolha de resíduos farmacêuticos explica, assim, o facto de na faixa Interior o índice per capita de recolha de resíduos nas farmácias ser inferior ao registado no Litoral. O responsável ressalva, porém, que ainda assim, as pessoas no Interior são muito receptivas às iniciativas e campanhas promovidas. Há hoje, diz, “uma maior sensibilidade da população em geral para a questão dos medicamentos fora de uso, e isso reflecte-se no crescimento da recolha. Já há mais pessoas a levar os medicamentos que não usam de volta para a farmácia, para que sejam tratados devidamente”.
A empresa, constituída em 2000 e financiada pela indústria farmacêutica, dedica-se em exclusivo à recolha, gestão e tratamento de resíduos farmacêuticos. Tanto dos excedentes que atingem o prazo de validade, como dos medicamentos que as pessoas têm em casa e que já não usam. Para a recolha, a empresa conta com o auxílio das farmácias, que recebem de volta os produtos que os seus clientes já não precisam e os acondicionam em recipientes próprios. Uma atitude encorajada pela Valormed por duas razões: a primeira de cariz ambiental, já que o medicamento é um químico e, portanto, não deve ser misturado com o lixo doméstico; a segunda por uma questão de saúde pública, uma vez que os medicamentos não usados em casa correm o risco de ser manipulados por terceiros, inclusive por crianças.
Actualmente, todos os resíduos (embalagem e medicamento propriamente dito) são incinerados, mas nos horizontes da empresa está a construção a breve prazo de uma estação de triagem para fazer a separação da embalagem (normalmente de cartão), que pode ser reciclada, e do medicamento que terá sempre que ser incinerado. Ainda não há uma data definida para o início do projecto, mas Carapeto afiança que os primeiros contactos à procura de parceiros já foram feitos.
Por enquanto, as iniciativas da Valormed centram-se nas campanhas de sensibilização e, assegura o director-geral, “está a dar resultado”. Os números referentes à recolha cresceram cerca de 35 por cento no primeiro trimestre de 2006, comparativamente ao mesmo período do ano anterior. E até final do ano as previsões são de um crescimento na ordem dos 25 por cento. O sucesso deve-se, sobretudo, às iniciativas junto das escolas. Através de vários workshops e concursos nos estabelecimentos de ensino, a Valormed tem passado a mensagem aos jovens estudantes que, explica José Carapeto, “por sua vez a passam aos pais”. Nas questões ambientais, comenta, “os jovens é que costumam educar os pais”.