Vila de Rei
Brasileiros para combater a desertificação

É uma ideia inédita que visa o combate á desertificação. A Câmara de Vila de Rei está a trazer brasileiros para o concelho para lhe dar vida. O objectivo da autarca Irene Barata é, até fim do mandato, fixar 50 famílias do Brasil.


NC/Urbi et Orbi

As primeiras famílias brasileiras chegaram na passada semana

Inverter a tendência de desertificação “importando” pessoas. É basicamente esta a ideia inovadora da Câmara Municipal de Vila de Rei, que está a promover a fixação de pessoas no concelho trazendo famílias inteiras do Brasil. As primeiras chegaram na passada semana.
Segundo a presidente da câmara, Irene Barata, o objectivo é que, até ao final do mandato, se possam fixar 50 famílias brasileiras com este projecto. “Estou há 17 anos na Câmara, este é meu quinto mandato e espero cumprir esse sonho", sublinha a autarca.
Foram quatro, os casais que chegaram, que representam no total 15 pessoas, incluindo os filhos, e no final do ano poderá chegar um novo grupo. As famílias são oriundas da cidade brasileira de Maringá, no estado do Paraná, em que reside uma numerosa comunidade portuguesa oriunda de Vila de Rei e com a qual o município está geminado.
Os imigrantes vão receber acções de formação do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) na área da geriatria, para trabalharem nos investimentos privados em curso no concelho.
O concelho de Vila de Rei estende-se por uma área de 193 mil quilómetros quadrados e abrange 94 povoações. Actualmente não tem mais de cinco mil habitantes, dos quais mais de um terço tem uma idade superior a 65 anos.
Em breve vai começar a ser construído em Vila de Rei um centro de lazer e bem-estar para 300 utentes, enquanto nas freguesias de São João do Peso e Milreu já estão em fase adiantada as obras de dois lares, cada um com capacidade para 70 utentes. As três obras representam um investimento estimado da ordem dos nove milhões de euros.
Para o próximo ano, a autarquia prevê o aparecimento de investimentos privados na área da restauração, aos quais deverá ser dada resposta com mais emigrantes brasileiros. A autarca realça que "o desemprego no concelho é praticamente inexistente, pelo que este projecto não prejudica a população".
"Temos orgulho neste nosso projecto inovador, com o qual queremos rejuvenescer e repovoar o concelho e inverter a tendência de desertificação. Garantimos emprego para fixar a população e ao mesmo tempo dando garantias de mão-de-obra qualificada para os novos investimentos", descreve Irene Barata.
No sentido de mostrar uma posição contrária à da autarca, elementos de grupos de extrema-direita manifestaram-se, no passado sábado, 13 de Maio, em Vila de Rei. A acção juntou cerca de 60 pessoas que discursaram junto ao edifício da câmara municipal e em seguida percorreram as principais ruas de Vila de Rei.