Manifestação boicotada
Agricultores acusam
“entidades ligadas ao ministério”


Segundo o presidente da Associação de Produtores de Tabaco, houve tentativa de “coagir agricultores” a não participarem na manifestação da passada semana em Castelo Branco. António Abrunhosa diz que o Ministério da Agricultura é um “ministério da vingança”.


NC/Urbi et Orbi

Os agricultores sentem-se defraudados com a actuação do Governo

O presidente da Associação de Produtores de Tabaco acusou na passada semana, "entidades ligadas ao Ministério da Agricultura" de tentarem "coagir agricultores a não participarem na manifestação” realizada naquele dia em Castelo Branco. António Abrunhosa discursava perante centenas de agricultores, que se concentraram no parque TIR de Castelo Branco, de onde depois partiram num desfile de tractores pela cidade, em protesto contra a suspensão do pagamento das candidaturas às medidas agro-ambientais.
"Há gente aqui com muita coragem. Dias antes desta manifestação, receberam telefonemas do Ministério, a questionar a situação de algumas cabeças de gado e a saber se vinham à manifestação", afirma o presidente da associação sedeada em Idanha-a-Nova e uma das organizadoras do protesto. "Há outros que se arriscam a ter uma inspecção do Instituto Nacional de Garantia Agrícola (INGA) nos próximos dias, porque os jornais e televisões os vão mostrar nesta manifestação", acrescenta. "Este Ministério não é da Agricultura. É um Ministério da Vingança", afirma.
Segundo números da organização, o protesto reuniu cerca de mil e 500 agricultores e 150 tractores. A manifestação foi organizada pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) na sequência dos protestos contra "a má gestão por parte do Ministério da Agricultura", salienta João Machado, presidente da CAP.
Entre outras reivindicações, os agricultores reclamam verbas relativas "aos contratos assumidos pelo Ministério da Agricultura, no âmbito das medidas agro-ambientais de 2005", refere aquele responsável. Segundo João Machado, "há muitos agricultores em situação de desespero e a falta deste pagamento está a piorar a situação". Em causa está a suspensão do pagamento das candidaturas às medidas agro-ambientais, apoios a práticas agrícolas amigas do ambiente.
Segundo já afirmou o ministro da Agricultura, em diversas ocasiões, há 71 mil agricultores com contratos em vigor que serão pagos, num dispêndio total de perto de 50 milhões de euros, sendo que as restantes candidaturas, já aprovadas, ficarão por pagar, por não haver cabimento orçamental para todas e porque o Governo discorda das regras de hierarquização em vigor. A CAP reclama o pagamento das medidas agro-ambientais a cerca de 20 mil agricultores.