Sociedade, economia e cultural foram algumas das áreas em análise neste congresso
V Congresso de Estudos Africanos no Mundo Ibérico
Planear o futuro de África na Covilhã

A UBI acolheu vários estudiosos, representantes diplomáticos e africaniscas num evento que pretendeu compreender e contextualizar o actual estado do continente africano, política, economia, sociedade e cultura foram algumas das áreas em debate.


Por Eduardo Alves


O Centro de Estudos Sociais (CES) da UBI promoveu o quinto encontro da Rede Ibérica de Estudos Africanos, na Covilhã. Durante três dias a cidade serrana foi o palco escolhido por diplomatas, entidades políticas, estudiosos e africanistas para debater o futuro de um dos mais ricos continentes do planeta.
Palestras, estudos e soluções para muitas das nacionalidades africanas tiveram lugar no pólo das engenharias. Os trabalhos desta iniciativa contaram ainda com uma mesa redonda que serviu para juntar empresários locais e políticos africanos, com o intuito de promover trocas económicas e fomentar as ligações entre a Península Ibérica e os povos africanos.
Logo na sessão de abertura, José Carlos Venâncio, presidente do Departamento de Sociologia e um dos organizadores desta iniciativa falou de toda a ligação histórica que Portugal e Espanha têm com África. Povos cujas origens e culturas “estão intimamente ligadas e nunca poderão ser dissociadas”. Este docente da UBI sublinhou também o facto de ser a primeira vez que um evento desta importância “tem lugar numa universidade do interior”. Condicionante, que segundo o mesmo “em nada prejudicou o congresso”. Santos Silva, reitor da UBI, também presente nos trabalhos, fez questão de sublinhar “o localização central da universidade no que diz respeito à Península Ibérica”. O responsável máximo pela instituição de ensino superior recorda que hoje “não se pode pensar mais em África como um continente longínquo”. Isto porque, “África está cada vez mais perto da Europa”. Na sua intervenção durante a abertura dos trabalhos, Santos Silva aludiu também para o facto dos povos africanos continuarem a despertar muitos interesses no Velho Continente.
João Cravinho, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação acabou por não estar presente na Covilhã. Na sua mensagem, lida durante a abertura dos trabalhos, o representante do governo português fez questão em sublinhar “o peso que as comunidades africanas têm tido na agenda política portuguesa”. Nesse sentido, a carta que Cravinho fez chegar os promotores do congresso adianta que já no segundo semestre deste ano, Portugal e Espanha, no plano diplomático concertado entre os ministérios dos Negócios Estrangeiros dos dois países ibéricos, “vão promover um seminário onde estarão presentes os respectivos embaixadores em África”.
Com várias dezenas de estudiosos, políticos e interessados na temática, os três dias de trabalho serviram para debater o futuro de um dos mais ricos continentes do planeta. Ainda assim, Ferran Iniesta, da Universidade de Barcelona, e um dos pioneiros destes congressos refere que “tanto África como a Ásia são continentes com grandes potencialidades”. Ambos estiveram, “durante muito tempo”, subjugados ao interesses dos regimes nacionalistas, “mas que desde há algumas décadas que caminham pelos seus próprios motivos”. O desenvolvimento social, económico e cultural da Ásia “tem sido bastante diferente do que é registado em África”. Descobrir as razões dessas diferenças, pensar soluções para o futuro e “solidificar os laços culturais” entre a Península Ibérica e o continente africano foram metas traçadas pelos intervenientes no congresso.
Esta iniciativa serviu também para homenagear três individualidades, “que há sua maneira têm sabido apontar às gerações vindouras, qual o melhor caminho para o continente africano”, refere José Carlos Venâncio. O escritor angolano Uanhenga Xitu , nome português, Agostinho Mendes de Carvalho, o bispo da diocese do Uíge, do D. Francisco da Mata Mourisca, e o escritor e poeta cabo-verdiano, Osvaldo Osório, receberem distinções neste evento, embora D. Francisco Mourisca fosse o único a marcar presença na Covilhã.