"Elixir dos Desejos" decorreu no palco do Teatro das Beiras
“Elixir dos Desejos”
Teatro encerra comemorações do 25 de Abril

Integrada nas comemorações do 32º Aniversário do 25 de Abril, teve lugar no passado Domingo, 30, no Teatro das Beiras, uma peça de teatro intitulada “Elixir dos Desejos” de Michael Ende.


Por Isabel Amorim


Neste desordenado mundo que é o nosso, onde a ameaça nuclear continua a ser uma realidade, onde o smog e os gases apagam cada vez mais o sorriso luminoso do velho amigo sol, onde vastas florestas tão vestidas de verde, de azul e de ar, sucumbem às malhas destruidoras do homem, rios que transportam em si a morte em vez da vida e se arrastam cinzentos, poluídos até à exaustão, sem alento para abraçar o mar. Onde a natureza vai ficando lentamente moribunda e sem forças para se agarrar à vida, o Elixir dos Desejos pretende ser como que um pequenino beliscão na adormecida passividade de quem consente, na indiferença de quem vê e cala”. As palavras são de Isabel Bilou, responsável pela encenação e adaptação, e tocam ao de leve algumas das questões levadas ao palco do Teatro da Beiras no passado domingo.
Integrada no âmbito das comemorações do 32º aniversário do 25 de Abril levadas a cabo no município da Covilhã, a peça “Elixir dos Desejos”, uma adaptação do conto infanto-juvenil de Michael Ende, é uma clara critica à sociedade.
As personagens, um “malvado feiticeiro de laboratório” e uma “temível bruxa de dinheiro”, entram em cena para retratar os jogos de interesses e as disputas pelo poder numa sociedade já dominada pelo mal. O elixir seria a possibilidade de realização das ambições mais profundas e egoístas da alma humana pondo em risco a própria sobrevivência da humanidade. Outras personagens são um “corvo astuto e experiente” e um “gatinho crente e ingénuo” que se unem a favor do bem e da preservação da natureza.
Durante cerca de uma hora, o espectador é transportado para lá das fronteiras da realidade, onde o bem e o mal, o fantástico e o concreto se cruzam. Das mais de cinquenta pessoas, miúdos e graúdos, que assistiram ao espectáculo nenhuma ficou indiferente ao humor e boa disposição que caracterizaram toda a peça. As gargalhadas e os aplausos não faltaram.
E tal como nos cantam as personagens no final da peça “tudo está bem quando acaba bem”, também este 32º ano de comemorações do dia em que a liberdade triunfou não poderia ter terminado da melhor maneira.