António Fidalgo
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A festa dos 20 anos da UBI
A UBI celebra 20 anos no 30 de Abril, assinalado da melhor forma com a inauguração da Faculdade de Ciências da Saúde pelo Primeiro Ministro José Sócrates. O que era quase impensável há umas décadas atrás, o ensino universitário no interior do país, tornou-se uma realidade. É caso e ocasião para festa rija. Podem os tempos não ir de feição, preferir-se o choradinho ou a contestação, mas meta-se a mão na consciência e olhe-se para os 20 anos decorridos. São os edifícios, a parte mais visível, que aí estão, mas são sobretudo as muitas pessoas que vieram para a região, o ambiente de saber que se respira, a ambição de investigação e inovação que se cultiva. Haja festa.
Com vinte anos, com os primeiros médicos a saírem formados no próximo ano, é altura de preparar o próximo passo. A UBI tem de incluir no conjunto das suas escolas também o ensino do Direito. É a única grande faculdade, das tradicionais, que falta à UBI para ser uma universidade de corpo inteiro. O Direito não pode ficar confinado às universidades públicas do litoral. Uma rede de ensino universitário bem pensada tem necessariamente de contemplar o Direito na UBI.
Esta ambição de ter uma Faculdade de Direito não será entendida pelos que acham que o ensino universitário é simplesmente um meio de desenvolvimento. Já aqui se escreveu várias vezes, que o saber se justifica por si mesmo, e que não tem de ter outros fins que não ele mesmo. Por isso a universidade é mais um fim, do que um meio. Tal como um centro cultural, uma biblioteca, um museu. Os bens intelectuais não são um meio de enriquecer e com isso construir casas melhores ou comprar carros de grande cilindrada. Queremos mais desenvolvimento económico, social, porque isso é condição para maior riqueza cultural, científica e artística.
Portugal tem de ser pensado como um todo coerente, perspectivado em toda a sua história, e não podemos aceitar resignadamente o absurdo da desertificação do interior. Muito dinheiro se tem gasto em infra-estruturas por todos os municípios da raia. Passámos os anos da democracia a infra-estruturar o país, com água, luz, telecomunicações e esgotos. Todas as aldeias têm essas condições. E agora deixamo-las sem ninguém, quando essas condições faltam nos subúrbios dos grandes centros? Um caso concreto ilustra isso. Idanha a Nova, Penamacor e Sabugal, três concelhos contíguos da raia, têm piscinas cobertas aquecidas, têm cortes de ténis. E agora vamos permitir que se tornem municípios sem ninguém?
Precisamos de objectivos e já não tanto de meios. A Faculdade de Direito, agora concluída a de Medicina, é o próximo objectivo e a melhor finalidade de todo o esforço que se tem feito nestas décadas na Beira Interior. Na festa dos 20 anos celebra-se o passado e visiona-se o futuro, aquilo que queremos e aquilo para que trabalhamos.
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