Manuel da Silva Ramos publica o seu 12º livro, que retrata maus-tratos infantis e uma sociedade que considera doente. “Este meu livro expõe o problema da protecção da infância, mas também estamos perante um País doente, digamos que à deriva”, referiu.
A apresentação do livro contou com a presença de vários amigos do autor. Carlos Pinto, Presidente da Câmara da Covilhã, dedicou algumas palavras ao percurso literário do escritor. “É um testemunho da vivência de uma época diferente da de hoje e ele distinguiu-se pela sua inquietude”, sublinhou Carlos Pinto.
Nascido no Refúgio em 1947, este escritor de 59 anos apresenta uma obra vasta. Conhecido por relatar episódios da vida quotidiana e problemas sociais, é respeitado por todos aqueles que acompanham o seu percurso. “Um grande orgulho que é sentido pelo Manuel da Silva Ramos, como cidadão do nosso tempo”, referiu o Presidente da Câmara. A sua vasta obra determina o seu próprio estilo que tanto o diferencia. Para Maria Antonieta Garcia, Professora da Universidade da Beira Interior, “os livros de Manuel da Silva Ramos têm uma estrutura original, explora-a sem ter medo das palavras”; “um leitor é conquistado no início da leitura”, referiu.
Este livro descreve a complexidade do ser humano, “é uma metáfora social”, “aborda uma sociedade miserável”, disse Antonieta Garcia. Referiu também as histórias de Carlitos e Milinha, personagens do livro. A Professora considerou que esta “é uma escrita limpa, assim é que se escreve.”
Milinha e Carlitos representam todas as crianças que ainda hoje sofrem de maus-tratos, que podem ser de vários tipos. O livro fala também de uma sociedade indiferente, com condutas éticas repreensíveis. Dá voz aos infortunados da vida e conta as suas histórias e experiências.
Manuel da Silva Ramos confessa que a sua inspiração vem directamente da sua cabeça e considera-se um escritor muito imaginativo. Acha que devia haver um reconhecimento quanto aos artistas, “porque em Portugal não são só os futebolistas que merecem a admiração, acho que os escritores e artistas em geral devem ser reconhecidos e acarinhados”. Adiantou ainda que “tudo é uma questão de cultura, como o problema da violência contra as crianças”, referiu.
A curiosidade foi uma constante neste reencontro com a sua cidade natal. O escritor teve a oportunidade de trocar palavras sobre a sua obra com aqueles que sempre o acompanharam. A apresentação do seu livro terminou com uma sessão de autógrafos onde teve a possibilidade de falar com os amigos mais chegados que estiveram presentes. |