Revolução do 25 de Abril
Memórias de um “Outro País”

Um outro Portugal renasce com o “Dia da Liberdade”. A comemorar os 32 anos da revolução dos cravos, o Cine Clube da Beira Interior e a Comissão Promotora das comemorações “Covilhã-25 de Abril”, exibiram na cinubiteca da UBI o “Outro País”. Um documentário realizado por Sérgio Tréfaut que, retrata fielmente, alguns dos acontecimentos do 25 de Abril e do ano seguinte à revolução.


Por Amélia Costa


O filme de Sérgio Tréfaut foi exibido na Covilhã

“Grândola, vila morena, terra da fraternidade, o povo é quem mais ordena, dentro de ti, ó cidade”, a voz da liberdade de um povo, levada a cabo pelos capitães do Movimento das Forças Armadas, estava prestes a derrubar um regime.
Ao aperceberem-se de que não se tratava de um simples protesto militar, mas sim do início de uma verdadeira revolução, vários fotógrafos, cineastas e jornalistas estrangeiros viajam até Portugal. Ali recolhem imagens, entrevistas e filmam cenários, onde eles próprios se confrontam com a revolução que vinha pôr fim à ditadura do Estado Novo, a Revolução do 25 de Abril de 1974.
O “Outro País” é o resultado dessa recolha. Um documentário baseado num olhar de fora, que transmite memórias únicas daquela altura. E, em simultâneo, o testemunho dos estrangeiros que as guardaram, como Sebastião Salgado, Dominique Isserman, Robert Kramer e Glauber Rocha.
Depois da liberdade, alguns destes fotógrafos e realizadores regressaram a Portugal, acrescentado ao “Outro País” um contraste verídico entre aquilo que foi a revolução e aquilo que restou dela. Um país diferente, outro entusiasmo, uma outra esperança.
No final do documentário, estava planeado um debate com o realizador do “Outro País” mas este não pode comparecer. No entanto, decorreu um curto debate com Frederico Lopes, professor do Departamento de Comunicação e Artes da Universidade da Beira Interior, e alguns elementos da Comissão.
Surgiram também alguns comentários sobre a forma como se constrói uma realidade, em função de imagens seleccionadas, e uma reflexão sobre o facto de Portugal não ter acesso, nem sequer a cópias, de muitos arquivos sobre a revolução. Serão muitas as imagens que permanecem desconhecidas, em gavetas fora do Portugal da liberdade.